sexta-feira, 12 de julho de 2013

Conexões Esquisitas: quando as regras falham


Billy Corgan em show do Smashing Pumpkins, Madri, 2011. (Foto: Getty Images/Uol)


Estava assistindo no último fim de semana um filme que acho bem engraçado, a animação Despicable Me 2 (Meu Malvado Favorito 2, na tradução feita). E é interessante como muitos elementos do filme são racionalmente engraçados, mas uma das atrações do filme, os bichinhos chamados Mínions, são hilários sem motivo certo! São simplesmente engraçados! Se os textos ou cenas fossem os mesmos para outros personagens, provavelmente, não funcionariam tão bem! E funcionam. Aí, pensei em como isso ocorre tanto na música também. Quantos artistas conhecemos que tinham tudo para morrer na praia, mas dão certo? Ou, pelo menos, simplesmente não sabemos por que apreciamos tanto suas músicas sendo que é inexplicável a sua qualidade? Acontece.


Anos 90. Todo mundo caiu nas graças de uma banda chamada Smashing Pumpkins. Eu gosto. Muita gente também gosta. Agora, sejamos sinceros: por que diabos admiramos o Billy Corgan se ele tem uma das vozes mais irritantes de se ouvir? E na verdade, não é irritante! Vai você cantar daquele jeito pra ver se alguém suporta! Claro que não. É a química inexplicável que o Billy tem que o fez dar certo como cantor. Quem dirá o contrário?
Janis Joplin (Foto: Seventies Music)

Vamos voltar no tempo um pouco e esbarraremos numa lenda do rock e blues chamada Janis Joplin, que em 62 começou a dar o ar da graça na música. É difícil mexer com conceitos de fã, mas se for o seu caso, tente abstrair isso e pensar pura e simplesmente na imagem e qualidade técnica de Janis. Lembre-se que estamos falando de uma época onde coexistiam Elvis, Morrison, Cash, Joan Baez... donos de vozes impecáveis. E lá vem (com todo respeito) a riponga com padrões de beleza avessos a “fórmula de sucesso” e uma voz que faria muita gente tapar os ouvidos com aqueles gritos quase histéricos! Só que ao invés disso, ninguém tapava os ouvidos, nem fechava os olhos, nem nada do tipo, mas exatamente ao contrário! O sucesso foi certo, estrondoso e... inexplicável! Simplesmente, Janis. E só ela.

Contemporâneo, e de peso lendário também, ainda posso citar Neil Young! Ô vozinha renitente! É até meio fanho! Sua aparência nunca pôde competir com os galãs da música da época (tudo bem que lá nos anos 60 isso estava longe de ser um pré-requisito tão pesado quanto os dias de hoje). Só que seu talento estava lá! Nítido, claro. E, pra ser sincero, é um repertório muito bom de ouvir para todas as situações! Se fizesse um teste vocal, jamais passaria pelo crivo de nenhum de nós. Só que isso não parou o Young. Nem coçou seu talento. E assim, mais uma vez, sem explicação lógica, Neil conquistou a indústria fonográfica, ajudado, claro, por suas belas músicas.

Só lembrando que estou falando de aspectos à primeira vista, ok? Claro que todos esses exemplos possuem outras qualidades, essas sim, bem evidentes e lógicas, como as músicas, a banda (Hã, Janis, dê uma voltinha lá fora nessa hora, tá?), o espírito, a alma! E isso tudo e, até mesmo a falta de razão para motivos, é arte! A eterna e bela arte!

Galera, com este post em clima leve, em clima #musica, me despeço temporariamente do Out of the Box rumo a um intervalo de 2 a 3 meses! Por motivos pessoais, precisarei me ausentar das atividades do blog por esse período, mas, para quem curte, não se preocupe, o retorno é certo, garantido, como em outras ocasiões que precisei parar um tempo. Dessa vez, o tempo será maior, eu sei, mas é necessário. Fiquem ligados, me acompanhem no Facebook e Twitter (sou @leolanzarin nas redes sociais) que assim que o blog voltar à ativa os textos serão divulgados lá, como de costume.

Obrigado e até a volta!
 
OBS: a última foto é de Neil Young (Foto: The Concert Database). Pra variar, o blogger me deu uma rasteira na edição de fotos, mas tudo bem. Vamos nessa.



 

sexta-feira, 28 de junho de 2013

Uma data de 10.000 anos atrás



Há 68 anos nascia um gênio da música brasileira. Ou teria sido há 10000 anos? A vida de Raulzito já foi muito falada e não é minha intenção fazer um texto biográfico, mas sim, uma homenagem. Hoje é a data de nascimento do saudoso Raul Seixas. E sabe que fico curioso em pensar o que estaria ele fazendo se estivesse vivo e bem? Não seria impossível, já que temos Caetano, Gil, Erasmo, Bob Dylan e tantos outros ainda mais velhos. E aí penso, em tempos de passeatas, Feliciano... o que Raulzito estaria falando disso tudo?

A metralhadora giratória de Raul costumava rodar no círculo da MPB, contra Caetano, Gil, até Tim Maia de vez em quando... e contra a música que dominava a sua terra natal, o axé. Hoje em dia, o rock nacional tomou rumos bem diferentes. Imagina o que ele falaria dessas bandas teen, como Restart, Cine e afins! Talvez até antes disso, Planet Hemp, Raimundos, Os Ostras, já teriam o incomodado, já que à época do lançamento do álbum Metrô Linha 743, o barulho desregrado já estava tirando ele do sério. É, talvez, cada um tenha sua hora certa e, talvez, a hora certa seja realmente certa.

A nós, fãs, resta a saudade, mas como arte é eterna, é sempre tempo de ouvir o bom e velho Raulzito! Sei que muita gente não gosta, outros gostam até demais, outros não conhecem direito, mas uma coisa há de se admitir: há tempos não se faz mais letras de rock de qualidade similar! Com todo respeito a Cazuza e Renato, pois fazem parte desse grupo também. Isso é um dos elementos que mais lamento e sinto falta no rock atual!

Enfim, Raul Seixas sempre será lembrado enquanto houver música! Parabéns, Maluco Beleza!

“Ó morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato, e o homem, vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar! E que meu corpo seja cremado. E que minhas cinzas alimentem a erva. E que a erva alimente outro homem como eu.” (Canto pra minha morte, Raulzito)

 
 

 
 

quinta-feira, 27 de junho de 2013

Acordes, hinos, times e outras histórias



(Foto: blog no220)

 
É engraçado como o esporte movimenta as pessoas. De todos os “pães e circos” que o homem inventou, esse talvez seja o mais bem sucedido. É difícil alguém não se identificar com algum esporte, mesmo que não o pratique, mas acaba pelo menos sendo platéia, torcedor, ou como queira chamar. Particularmente, gosto de assistir lutas e, por uma questão inconsciente-cultural-brasileira, assisto a jogos de futebol da seleção. Na verdade, de seleções. Gosto de futebol de seleções. Clubes, não. E não há motivo óbvio pra isso.

De qualquer forma, esportes movimentam muita gente e, nesses dias de Copa de Confederações, andei pensando em como a música acaba sendo inspirada por esporte e, muitas vezes, serve de inspiração para esportistas e torcedores também. Em 1998, a música É uma partida de futebol do Skank virou hit de Copa do Mundo no Brasil, embora essa música seja de 1996. A música tratava exatamente da paixão por futebol. Tem movimentos no Facebook hoje que ainda estão pedindo essa música como sendo a oficial da Copa de 2014, para se ter uma ideia do sucesso que foi e é até os dias atuais. Em 1972, Jorge Ben lançou a clássica Fio Maravilha, inspirado por uma partida de futebol do Flamengo em que ele assistiu no Maracanã. Eu não gosto dessa música, mas o seu sucesso é inegável.
 
Samuel Rosa, vocalista do Skank
Lembram da banda Dr. Sin? Para quem não conhece, é uma banda de hard rock aqui do Brasil que despontou em 1993. Nunca mais ouvi falar, mas creio que ainda estejam na ativa. Pois bem, essa banda também fez uma música onde trata de futebol, Futebol, mulher e rock ‘n’ roll. Essa música é mais extrovertida e usa muitos trocadilhos pra criar uma letra de duplo sentido misturando futebol e sexo. A música é engraçada. Recentemente, Falcão, vocalista do O Rappa, gravou Vem pra rua para uma campanha da Fiat. Por acaso, ela se tornou hino do movimento popular que tomou conta do país, o que veio muito bem a calhar, diga-se de passagem, mas a verdade é que a ideia era ser uma música sobre a seleção brasileira de futebol! Tem gente que nasceu virado pra lua. Dupla sorte da Fiat, mas tudo bem.
 
Mr. Eddie Vedder em show solo
 E se você pensa que isso é exclusividade do Brasil, engana-se completamente. New Order gravou uma música chamada World in motion inspirada (na verdade, inspirando) na seleção da Inglaterra. A música segue na linha pop que, a meu ver, é a especialidade da banda. Boa música, se curtir aquele estilo de pop anos 80. E, aliás, nem só de futebol vive o esporte! Há tempos atrás, escrevi um post sobre a música Sweet Caroline (se não leu na época, clique aqui) e comentei que ela se tornou hino não-oficial do time Red Sox (beisebol) e não há um jogo sequer que ela não seja tocada no campo deles. Eddie Vedder também fez uma música para um time de beisebol, a pedido do treinador do time, o Chicago Cubs. A música é All the way e tem uma letra voltada pra motivação do time. Apesar de ser uma música encomendada, Eddie lida bem com isso e consegue criar belas músicas nessas situações. Dessa vez, não foi diferente. Quem não conhece, vale a pena ouvir!

Apesar de não ser, creio eu, fã assíduo de nenhum esporte, gosto da ideia da música estar envolvida com isso. Sou contra a alienação pelo esporte e o uso do mesmo como instrumento de manipulação popular, coisa que nossos governantes adoram fazer, mas conseguindo abstrair isso, a mistura do esporte com a arte me agrada! Nem sempre as músicas que surgem são legais, mas surge muita coisa boa também! E quanto mais se ouvir música (boa), pra mim, melhor!

Como estou quase certo que É uma partida de futebol está até hoje na cabeça da maioria das pessoas, vou encerrar, da parte de música nacional, com a música do Dr. Sin, Futebol, mulher e rock ‘n’ roll para quem não conhece poder ouvir. E com All the way de Eddie Vedder, como música internacional.

Ao saudável (mentalmente também) esporte, à saudável arte!
 
 
 
 
 

terça-feira, 18 de junho de 2013

Intervalo: o palco do povo

(Foto: Veja Abril)


Parece que estamos vivendo um momento histórico no Brasil. Realmente, parece. As pessoas estão nas ruas de novo! Protestando! Gritando! Fazendo-se ouvir! Quando foi que isso aconteceu pela última vez? Bem, não sei, mas pela primeira vez, talvez, as redes sociais tomaram um corpo que deveria ser o fundamental desde o início: integração de pessoas! Os rebeldes de internet deixaram as plataformas virtuais e partiram para as ruas de fato. Deu até a impressão de ter sido um movimento realmente organizado, onde a internet foi ferramenta (o que sempre deveria ter sido, a propósito). Outra vantagem disso é ter conseguido atingir o mundo inteiro!
 
Na verdade, quantas manifestações terão sido abafadas na história porque foram rapidamente sufocadas, em um tempo onde a comunicação era precária e lenta? Agora, essas coisas são mais difíceis! Que bom! Em meio a isso, o governo, sabiamente, descobriu que não pode tomar qualquer tipo de atitude, pois agora estamos sob holofote da mídia mundial. E prefeitos, governadores e até a presidente estão dando declarações meio que apoiando o movimento. Ah, a cara de pau típica dos nossos políticos honrados! O movimento é contra vocês, sabiam? Ou ao menos contra a máquina que vocês administram! Que nós pagamos vocês pra administrar!
 
Em meio a isso tudo, o mundo viu que o povo está protestando contra o sistema inteiro! Mas aqui, na terra tupiniquim, ainda insistem em dizer que o protesto é contra o aumento de passagens, sem entender que isso foi apenas a gota d'água para um copo já cheio demais para segurar um transbordo! O meu medo é: em um movimento contra algo tão amplo, não há uma solução objetiva para o governo atender a essa reivindicação. Ou o povo vai perder a razão em algum momento, ou vai perder a força, ou vai virar notícia do ontem. Perder a razão quando o governo disser: ok, eu vou atendê-los, mas vocês não me dizem o que querem! Perder a força quando as pessoas enjoarem de ir as ruas por descrédito no seu próprio poder (uma pena!). Virar notícia do ontem, quando a mídia julgar que não podem mais extrair sensacionalismo nenhum disso tudo.
 
Pensem comigo, se o protesto é contra toda a lama em que estamos inseridos, qual é a solução do governo? A mais nobre, a meu ver, seria cair fora. E aí, sim, teríamos uma verdadeira revolução popular! Sei que é utópico, mas seria o melhor desfecho. Como isso não vai acontecer, espero que o governo aprenda a lição real disso tudo. Que o povo não está mais afim de vestir fantasia de palhaço. E espero, também, que o povo não ache isso tudo um movimento sem sentido. E aprenda, também, que vale a pena se juntar e protestar. Vale a pena brigar pelos seus direitos. Aprenda que o povo tem, sim, a força. É o motor do país. Tem voz. E espero que tenha memória, também.
 
Não quero que movimentos como este sejam manjados e percam moral e força, pois, nunca é mais do mesmo protestar pelo que é certo! Somos notícia no mundo inteiro! Estamos na vitrine do mundo e nao é pelo carnaval, nem pelas mulatas, nem pela música. É por política! Em raras vezes, é por política, e não pelos políticos, mas pelo povo! O mundo está conhecendo o povo brasileiro! Isso não pode ser ignorado. E tem o dever de não ser esquecido jamais!
 
E agora, governantes, o que vai ser? O mundo espera uma resposta à altura.
 


terça-feira, 7 de maio de 2013

A linha e(in)volutiva da humanidade


(Foto: Thinkstock)


Tenho lido matérias de internet, visto séries de TV e até lido críticas dessa realidade pop-cultural, digamos assim, e tem um aspecto que anda me chamando atenção: é impressão minha ou algumas características estão mudando de lado? Explico: quando vingança “saiu do lado negro da força” e foi promovida a atitude louvável? Quando o ato assassino passou a ser espetáculo digno de aplausos? Acho que perdi o bonde em algum momento e não percebi. 

Admito que muitas vezes o clichê bem x mal é entediante, mas o que anda pairando na cultura hoje, ao contrário do que muitos críticos ditos modernos possam dizer, não é uma humanização verossímil dos personagens fictícios, mas sim uma desconfiguração de valores que pode se tornar perigosa. Infelizmente, o povo é ignorante. A massa é ignorante. As crianças e jovens são ingênuos e, em raras exceções, influenciáveis. Não sei quanto a você, mas eu não gostaria de ter um filho que acredite que a atitude mais obvia frente a alguma discórdia com alguém seja prejudicar a outra pessoa até o ponto de fazê-la sofrer o máximo possível. Não gostaria que meu filho achasse a morte de uma pessoa algo digna de aplauso e comemoração, por pior que seja. 

Não estou querendo bancar o moralista, coisa que não sou, mas não acho esse tipo de banalização saudável pras pessoas. Tenho um sério problema quando a questão é intervenção em vida alheia e esse tipo de cultura que anda sendo divulgado é muito fútil pro meu gosto. Se duvida, pode assistir aos programas de maior sucesso na TV, ou livros ou quadrinhos e perceba: os temas centrais (eu disse, centrais) são em torno de traições, vingança, morte (aclamada). Essas coisas sempre existiram, mas não é isso que me chateia. O que me chateia é o holofote nisso. Eu preferia quando o foco das obras era um enredo elaborado ou uma temática de reflexão ou uma visão inovadora do mundo; quando a cultura era o apelo sensitivo do ser humano. Mas acho que essas coisas viraram caretas... e nossos jovens estão ficando mais fúteis e, pior, insensíveis. 

Talvez seja exagero, mas toda aquela barbárie do homem antigo da História está presente no homem até hoje, com outra roupa, outros motivos. Bem, pelo menos o homem antigo tinha a desculpa de ser intelectualmente menos desenvolvido, ter menos conhecimento, menos cultura, menos referências. Qual é a nossa desculpa dessa vez?




sexta-feira, 19 de abril de 2013

Dos acústicos e unpluggeds e a alma nua do rock



Nirvana na gravação do MTV Unplugged in New York, 1993.


Tem muita gente que não gosta, que acha que falta algo, mas eu devo admitir: sou um adorador de acústicos (unpluggeds) de rock! Acho que nesse tipo de projeto ou show ou qualquer coisa que queira chamar... é possível sentir a alma das músicas e, ainda mais, dos músicos! Não que eu não goste das versões originais e com efeitos; eu gosto, mas talvez a simplicidade dos acústicos me faça experimentar um tipo de sensação diferente e que muito me agrada. Como acredito que o rock é muito mais cultura do que efeito sonoro, a falta das distorções e efeitos carregados não me faz desanimar. Eu apenas entendo que é uma forma diferente de se ouvir a banda.

A onda de gravar acústicos no meio rock foi promovida pela MTV e, como deu certo, esse projeto foi durando anos e sendo feito com diversas bandas. A primeira banda a gravar um MTV Unplugged foi o Squeeze, em 1989. Aqui no Brasil, embora muita gente diga que foi o Barão Vermelho quem gravou o primeiro Acústico MTV, o inaugurador do projeto foi Marcelo Nova, que fez o programa piloto. Ele já vinha fazendo uma turnê acústica na época em sua carreira solo e, por isso, foi convidado pela MTV para testar o formato. No ano seguinte, foi a vez da Legião Urbana gravar aquele que talvez tenha sido o mais simples já feito até hoje! Foram usados 2 violões e percussão. Bem básico, mas quem conhece sabe: foi uma grande obra!
 
Gravação do Acústico da Legião Urbana, 1992.

Aqui no Brasil, o Acústico MTV ficou conhecido por um tempo como o ressuscitador de bandas, já que os Titãs voltaram ao topo das paradas por conta disso. Claro, esse acústico é, sem dúvida, um dos melhores discos deles e, na minha opinião, um dos melhores acústicos que a MTV brasileira já produziu! Além deles, Capital Inicial ressurgiu por isso e até o Kid Abelha também. Aliás, o Kid Abelha conseguiu a façanha de ter o acústico mais vendido da história no Brasil! Confesso que não sou muito fã deles e prefiro outros como Legião, Titãs, Capital e Cassia Eller, mas é um bom disco, sim. Falando em termos internacionais, quem mais vendeu unplugged foi R.E.M, seguido por Eric Clapton. E, diga-se de passagem, vendagem super merecida! O álbum é muito, muito bom!
Sendo sincero, eu não saberia dizer qual o melhor acústico ou unplugged gravado até hoje. Nem mesmo se dividisse em categoria nacional e internacional, eu saberia escolher um em cada. O que eu gosto mesmo é de sentir o clima de “roda de violão”, o clima de tom menor que essas obras proporcionam, como se fossem momentos mais intimistas com as bandas. E é ali que a qualidade e a sintonia da banda afloram ainda mais! É como ouvir a banda sob outro prisma. Em resumo, uma faceta a mais para se fazer arte no rock! Tentando listar meus favoritos, vamos lá (top 5):
 
Nacionais:

1. Legião Urbana
2. Capital Inicial
3. Cassia Eller
4. Rita Lee
5. Lulu Santos
 
Internacionais:

1. Nirvana
2. R.E.M.
3. Pearl Jam
4. The Cranberries
5. Korn
 
Internacionais foi bem difícil! A única vantagem, se é que se pode chamar assim, é que alguns clássicos eu não cheguei a ver/ouvir. Pretendo, mas sei que isso vai tornar ainda mais difícil ranquear uma lista. Eu sei que o Nirvana foi bem tendencioso, já que é uma das minhas bandas favoritas, mas ainda assim foi uma obra bem gravada, um repertório inesperado, para os padrões dele, e uma performance igualmente diferente para eles. Pearl Jam foi mais parecido com o que eles sempre se apresentaram, mas Vedder, ao invés se estar mais comedido, como era de se esperar, estava cantando de forma muito intensa e fez um trabalho excepcional! Cranberries não decepciona nunca e fez um material infalível e emocionante! R.E.M, como já falei, é merecedor de ser o mais vendido porque o acústico da banda é muito bem produzido, muito bem executado, bom de ouvir mesmo! O do Korn, quem não conhece, recomendo muito! Mesmo quem nem seja fã deles (como eu não sou) vale a pena conferir! É carregado de energia! Muito bom!
 
Por hoje é só! Obrigado a quem curtiu! E viva o rock, em todas as suas formas!




 

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Time is (not) money

 
(Foto: Storenvy)
Quem sabe não seja esta uma das frases mais influentes que os americanos já divulgaram: Time is money! Ou talvez tenha virado um grande jargão. Não sei se é real, mas a frase é atribuída a Benjamin Franklin. Dentro dessa rápida frase, um grande mar de elementos da vida humana: a pressa, o foco, a prioridade, a ganância, o trabalho...
 
Tempo não é dinheiro. Tempo não custa dinheiro. Se custa, não é pelo tempo, mas pelo homem. E essa frase é usada para muitas coisas, mas, tem bastante efeito quando o motivo é sugestionar alguém a fazer seu trabalho com pressa (e, quase sempre anexo, sem pensar) ou quando a ideia é cobrar por tudo o que se faz. É o álibi verbal para a ganância. E, em meio a isso tudo, eu me pergunto: se o tempo não deve ser desperdiçado com nada, se não o que dá dinheiro, certamente alguém não avisou isso a Thomas Edson quando ele perdeu horas e horas e horas na questão da eletricidade sem sequer saber no que isso resultaria. E esqueceram também de avisar Einsten quando perdia momentos homéricos em sua sala ou embaixo de árvores (onde gostava de escrever) desenvolvendo suas teorias físicas, também sem ter um propósito específico de lucro.
 
Tempo não é dinheiro. E é um equívoco quase blasfêmico reduzir uma condição existencial de tamanha proporção como o tempo a uma mera invenção humana. Há tempo para se ganhar dinheiro, mas há tempo para não se ganhar também. Ferramenta é ferramenta e máquina é máquina. Dinheiro é objeto, não é objetivo. É meio para alguma coisa. Não é a coisa em si. Não há nada de mal em ganhar dinheiro, mas o homem deveria ter cuidado para não passar a vida inteira atento a ganhar dinheiro a ponto de deixar a vida passar e acabar perdendo... tempo! Então, agora, dá para entender que “Time is not money”. E por essa lógica final, contrariando Benjamin e os tayloristas, o tempo não custa dinheiro, mas, sim, o dinheiro custa tempo. O tempo? Ah, não menospreze o tempo! Ele nada tem a ver com as nossas questões. Como já disse em um antigo post, o tempo não está preocupado com as questões humanas, com os anseios, com os desejos, com os sonhos, com as frustrações. Haja o que houver, o tempo simplesmente passará.
 
Em desculpas a Mr. Franklin, encerro o texto.