sexta-feira, 29 de outubro de 2010

Das mentiras individuais


Já falei das mentiras coletivas em outro texto (se não leu, veja o link: http://ootboxx.blogspot.com/2010/09/das-mentiras-coletivas.html); pois hoje falarei das mentiras individuais. Na verdade poderia até completar o título acrescentando ao final: “e bobas”. São aquelas mentiras que todos soltamos durante o dia e das quais alguns psicólogos julgam ser necessárias para manter a sociedade coesa. Devo dizer que há controvérsias disso, ao menos, da minha parte. O que faz uma pessoa aceitar ou não a verdade é a noção de respeito, individualidade e autocrítica. Numa sociedade onde os valores disso fossem bem desenvolvidos e sólidos, ninguém se preocuparia tanto com o “terror” da franqueza.

Existem aquelas mentiras que dizemos por preservação da intimidade. Exemplo: chega um conhecido (não amigo) e faz a clássica pergunta cordial: “tudo bem?”. Você está em um dia de cão, a vida está uma merda, mas o que responde? “Tudo. E você?”. Claro! Você não está bem, mas se disser isso a pessoa vai perguntar o porquê e aí você terá que contar sua vida para ela e, diabos, você não quer contar sua vida para aquela intrusa! Então, é melhor dizer que está tudo bem. E quer saber? Aposto que o interlocutor agradece imensamente pela sua opção. Imaginemos o oposto: o cara pergunta “tudo bem?” e você decide falar a verdade. O outro pensa: “Putz! Para que fui perguntar? E eu com isso?”.

Bom, isso é cordialidade. Se não sabia, saiba à partir de agora que o significado não-declarado de cordialidade é falsidade do bom samaritano. Além disso tem aquelas pequenas mentiras que falamos para manter as aparências, como o pneu do carro que fura e causa o seu atraso no trabalho (ao invés de você ter ignorado o despertador); aquelas que falamos para não magoar alguém, como o elogio à roupa da colega (que mais parece o figurino do Tiririca); aquelas que falamos para evitar explicações, tipo a desculpa de enxaqueca para faltar a um convite insistente de festa (que seria um pé no saco, mas dizer que não está afim simplesmente não convence e leva a um belo diálogo lenga-lenga). Poderia escrever um livro inteiro citando as diversas mentiras individuais, mas tudo gira em torno de algo parecido com o que falei.

Se pensa que isso é fruto da política da boa convivência, esqueça. Só agimos assim porque construímos nossa sociedade com a ideia de que temos que manter as aparências (e aparência de sermos perfeitos) e agradar a todos (ou ao máximo possível). E aí percebemos que o caminho leva para as mentiras coletivas.

Ninguém tem que agradar ninguém. Ninguém tem que ser perfeito. A busca da perfeição, sim, é uma grande mentira! Conselho do dia, então: seja você mesmo. Crie os seus valores, a sua percepção, a sua vontade. A dos outros, já vemos todos os dias. Qual é a graça? Futuramente falarei sobre a pior das mentiras: a interna. 

Para dar leveza, encerro ao som de Rogério Skylab:



Libertar, aceitar, admitir, concordar, discordar, mudar. 
 

quarta-feira, 27 de outubro de 2010

Do rock nacional e os 70


Raul Seixas (Foto:Fique Ligado)
Discussões sobre os altos e baixos do rock nacional são uma constante por onde ando. E cada um puxa a brasa para a sua geração e a discussão não termina. Particularmente, gosto da minha geração quanto ao cenário musical (80/90). Acho que foi quando se consolidou o conceito pop do rock, embora cultura pop seja algo que sempre houve, pelo seu próprio conceito. Aí começaram a definir pop-rock como um estilo musical (o que eu não acho muito legal). Enfim, nessa época estamos falando de Lulu, Cássia Eller, Cazuza, Engenheiros do Hawaii, Legião Urbana, Ultraje a Rigor, Plebe Rude, Biquíni Cavadão... essa turma que é considerada a era de ouro no nosso rock, o brasileiro.

Não vou falar deles dessa vez, vou retroceder um pouco e valorizar uma década onde o rock tinha uma cara diferente e, embora eu não tenha vivido isso, foi extremamente forte e rico: anos 70. E, aliás, vou fazer mais do que isso; vou falar do que foi o rock dos 70 aqui no Brasil.

Os Mutantes (Foto: blog Naftalina)
Se perguntar sobre os anos 70 no Brasil, 80% das pessoas vai saber citar Os Mutantes, Raul Seixas, Camisa de Vênus, Secos e Molhados e terá dificuldades de continuar depois disso. Sou fã de Raul (quem me conhece sabe), gosto muito de Camisa de Vênus e gosto dos Mutantes e Secos e Molhados também, mas hoje quero citar outras bandas que fizeram história por aqui e, às vezes, esquecemos de falar.

Na verdade, os anos 70 foram quando o rock nacional começou a criar a sua cara, imprimir seu estilo. Acho que, não querendo menosprezar ninguém, Os Mutantes influenciaram muito isso e inspiraram uma série de bandas que chegaram com um rock mais eclético, misturando tendências visceral, psicodélico e até mesmo, progressivo (para quem achava que isso era exclusividade dos ingleses).

O Terço (Foto: blog Era uma vez na estrada)
O Terço foi uma dessas bandas. Ouçam Criaturas da noite e verão o misto de progressivo com erudito (aquela melodia mais prolongada, uso de vocais em altos tons, piano explorado). Aí podemos ouvir Não fique triste, da banda O Peso: influências de folk, progressivo e vocal que ameaça rabiscar um metal (algo parecido com Robert Plant, em tempos áureos do Led Zeppelin). Arnaldo e Patrulha do Espaço, em Cortar Jaca, começa com um som discreto de piano e se transforma num rock experimental do melhor estilo, inclusive na letra cheia de ilustrações; variando ritmos, explorando solos de guitarra e piano também, mostrando a herança dos 50. Muito bom! Depois, podemos ouvir Juriti Butterfly, de Sá, Rodrix e Guarabira. Essa música já traz uma pegada de clássico, progressivo e, no encerramento, ameaça um baião (sério!). A banda Som Imaginário tinha guitarras de rock estilo 70, mas já começava a lançar as bases melódicas do que se tornaria o pop dos 80. A combinação ficou boa também.

Ouvindo Raul Seixas, Os Mutantes e Secos e Molhados dá, sim, para ter noção do cenário rock dos 70 aqui no Brasil, já que foram os destaques da época, mas vale a pena conferir essas outras bandas que citei e que estiveram lá também. Todas elas têm particularidades muito boas no seu som e merecem reconhecimento! Se pudesse colocaria todas as músicas que citei, mas aí estenderia demais o post. Vou colocar uma das que mais gostei: 




Deem uma olhada nessas bandas. Vocês vão curtir! 

Valeu!

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Resgatando o Rock: Sex Enough


Sex Enough (Foto: MySpace, perfil Sex Enough)

A banda de hoje foi formada em 2009, é de Sorocaba, SP, mas nem tem cara de banda que está começando e nem parece rock nacional (não o que estamos acostumados a ouvir). Esta eu conheci, mais uma vez, no My Space. O nome é Sex Enough.

Sex Enough, das bandas nacionais que já ouvi, é uma das que mais grita (eu disse: grita) em diferencial do que costumamos ouvir por aqui. Quando escutei pela primeira vez, achei que estava ouvindo mais uma boa banda de fora, mas enganei-me. Foi uma surpresa muito boa, pois uma das coisas que mais me intrigava era porque o rock nacional era tão diferente instrumentalmente dos rocks internacionais, parecendo haver uma barreira inquebrável. Talvez a exceção seja o rock mais pesado, onde essa diferença é consideravelmente menor.

Parênteses: não estou falando mal do rock nacional, nem exaltando o internacional em demasia. Nada disso. Gosto das particularidades do rock nacional, sou fã de várias bandas daqui. Meu próprio som é tipicamente nacional. Só que gosto também do rock internacional e apenas me perguntava por que não se via aspectos de um no outro. Ver uma banda misturando isso foi uma grande (e boa) surpresa! Gosto de ser surpreendido de qualquer maneira, se tratando de rock. Acho que o quesito deles foi essa possibilidade tão próxima de comparação.
(Foto: MySpace, perfil Sex Enough)

Voltando a banda, Sex Enough canta em inglês. Se isso for problema para alguém (lembro que houve época disso pegar bem e lá para os anos 90 começou a ser superdiscriminado), vou dar minha opinião: não sou nada contra, desde que esteja de acordo com os objetivos da banda e sua identidade. Todas as músicas que ouvi deles são cantadas em inglês. Só que devo dizer: o que me remeteu a comparação do rock internacional não foi isso; a qualidade instrumental e o estilo de toque das guitarras, sim. E que guitarras! E que ritmo! Volto a dizer, foi diferente ver uma banda com esse estilo e que, ao mesmo tempo, conseguem imprimir identidade própria nas músicas, pois não estão imitando ninguém, mas, sim, nivelando com a qualidade do mesmo estilo. Quem curte rock internacional, vai se sentir em casa e valorizar o rock nacional. Quem curte este, vai ter uma boa surpresa e influência.


De todas as músicas que ouvi, tive como prediletas Blessed Night e Expectatives. A primeira pelo destaque nos vocais (estão ótimos!), pelas frases de guitarra, contendo influências de metal e leve toque de blues em conjunto, pela bateria forte e por usar um recurso que gosto: mudança de ritmo durante a música. A segunda, por ser um ritmo bem diferente das demais, o que mostrou a versatilidade da banda e, mais uma vez, pelas guitarras, só que agora começam simples e vão evoluindo durante a música de forma clara. Isso foi bem criativo! Ainda está para vir outra música, inédita, da Sex Enough que tive o prazer de ouvir, também muito boa! Agradeço a banda por ter me enviado em primeira mão e tenho certeza que o pessoal vai curtir quando divulgar oficialmente. Aguardem!

Parabéns, Sex Enough, por oferecer um rock diferente, um rock forte, um rock que só acrescenta na riqueza e variedade musical que nosso país tem! O show de vocês deve ser excelente! Recomendo o seu som!


Normalmente, posto as músicas, mas por problemas técnicos, peço desculpas, vou colocar os links para as duas músicas que citei. Não deixem de ouvir:

http://www.myspace.com/music/sex-enough-20833248/songs/blessed-night-65453194

http://www.myspace.com/music/sex-enough-20833248/songs/expectatives-64076771

Resgatando o Rock é falar de música boa, de rock de verdade, de bandas que deveriam ser os ídolos dessa geração. Aproveito para falar a quem toca, tem banda, está na pista produzindo o melhor do rock... manda o seu link, seu material, seu perfil em sites de relacionamento, ou o que quer que seja, para mim que ajudo a divulgar aqui pelo blog, nos próximos Resgatando o Rock.

E-mail do Out of the Box: contato.ootboxx@gmail.com

Obrigado por acompanhar o blog! Valeu!

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Quando o futuro é nostálgico



Este ano um dos mais marcantes filmes da minha infância completa 25 anos. “Saudosista confesso” que sou, não poderia deixar de falar dele: Back to the Future, ou De volta para o futuro como, em raros momentos de lucidez, nossos tradutores respeitaram o título original. 

Vou começar esclarecendo um breve rumor que se formou em torno disso: disseram que a comemoração dos 25 anos do filme está sendo feita agora em Outubro por ser o mês de lançamento dele na época. Isso não é verdade. Na realidade, Outubro é o mês em que, no filme, o personagem Marty McFly se encontra com o Dr. Brown para, então, fazer sua primeira viagem na De Lorean (o carro-máquina do tempo).  A data foi 26 de Outubro de 1985, quando McFly, fugindo dos terroristas que atiraram no Doc Brown, viaja até a data de 05 de Novembro de 1955. A data de lançamento de Back to the future foi 03 de Julho de 1985 nos Estados Unidos e 29 de Dezembro do mesmo ano aqui no Brasil. De qualquer forma, a idéia de comemorar no dia da viagem no filme foi boa!

 

 Vou falar sem medo de errar que a trilogia de Back to the future é uma das melhores que conheço. Aquela que conseguiu misturar ficção com comédia sem ser pastelão! Aquela que lançou muitas das “geringonças” que usamos hoje em dia (dá uma olhada na TV tela plana que temos hoje)! Aquela que mais cenas marcantes (que todo mundo que viu, lembra até hoje) tem! Enfim, aquela que eu nunca enjoo de ver. Pode passar quantas vezes forem na TV que eu assistirei todas! Quem curtiu essa época que me apoie!

Hoje em dia é mole entender, mas como bagunçava a minha cabeça na época e eu via-me obrigado a recorrer ao meu irmão (que é 3 anos mais velho) para me explicar o que diabos estava acontecendo! Como não se lembrar do contexto caricato em que McFLy se metia com Biff, sua mãe Lorraine, seu pai George, em confusões de universo “teen anos 50” em meio a um assunto tão sério que era salvar o futuro (na verdade, o presente de Marty)? E como ele quase arruinava tudo simplesmente porque Biff o chamava “chicken”! A cena dele chegando aos diversos tempos, sempre desmaiando e, ao acordar, achando ter sido um sonho e falando com a sua mãe... e isso virou simbólico e não repetitivo! Só Back to the future conseguiu esse feito! 

Admito, apesar de curtir a trilogia toda, tenho no segundo, o meu favorito. Talvez por ter mais viagens, ou talvez por ter explorado mais a interpretação dos atores... não sei dizer. Depois, fico com o primeiro e, por fim, o último. Acho que vou até assistir eles hoje! 



Michael J. Fox refez o teaser do Back to the future. Este teaser, ao menos que eu lembre, não foi veiculado no Brasil. Para quem quiser ver os dois (o original e o novo), assistam:




Peço desculpas pelo post extenso, mas essa trilogia merece! Muito boa! E encerro com uma brincadeira feita pelo Tom Wilson (era o Biff; é ator ainda hoje, mas também comediante de stand up) em uma música falando do "pós-back to the future. 



É isso!

domingo, 17 de outubro de 2010

Resgatando o Rock: Sorte a Sul

Show da Sorte a Sul
Esta semana vou falar da banda Sorte a Sul. Esta eu conheci através do Palco MP3, onde também costumo garimpar atrás de bandas legais. Sorte a Sul é uma banda de Curitiba que começou a engatinhar em 2007 e se consolidou em 2009.

Com um som muito bem ritmado, fazem um pop-rock com letras suaves, que falam do dia-a-dia de uma forma muito direta e que se encaixa perfeitamente na levada da música, que trazem ainda uma lembrança de influência da MPB. As músicas que ouvi estão num clima de acústico e me transportaram para um cenário de lazer, tipo aquele som que você pode ouvir tanto em uma noitada com os amigos quanto em uma tarde de domingo em casa. Surpreendi-me com a facilidade com que eles conseguem fazer suas músicas se identificarem com o nosso cotidiano e isso foi o que e chamou a atenção, mesmo a pitada MPB não sendo o meu estilo.


sexta-feira, 15 de outubro de 2010

Parênteses: a expressão, o erro e as opiniões na música


Algumas coisas são feitas em moldes, outras não. Não consigo aceitar algumas pessoas que vejo por aí tentando conceituar certo e errado para expressão artística. Acho até que pode haver bom ou mau gosto, porque isso é muito de opinião; porém, certo e errado, embora seja opinião também, me soa como tentativa de universalizar uma regra. E isso é que me tira do sério!

Não vou entrar no mérito de relatividade e absolutismo porque não é o objetivo deste texto, mas sim elucidar que existem várias formas de expressar arte e nem sempre isso agrada a todos. E nem sempre isso indica que o artista seja bom ou ruim. Eu particularmente não sei explicar qual estilo expressivo me chama mais a atenção.

Kurt Cobain, Nirvana
Axl Rose, Guns and Roses
Vamos comparar 2 bandas que chegaram a ser contemporâneas: Guns e Nirvana. O Axl era aquela “espoleta” no palco; fazia caras e bocas, corria sem parar e levava os fãs à loucura na hora do show. Kurt, ao contrário, posicionava-se, em geral, no canto do palco (não no canto, exatamente, mas não ficava no centro); ficava grande parte do show parado (ou ao menos sem grandes agitados) basicamente se movimentando para fazer maluquices do tipo quebrar os instrumentos, cair no chão na hora do solo... coisas do tipo. Que, sim, é algo que mobiliza o público, mas mesmo parado, fazia todos pularem! Sua expressão, para mim, estava no rosto, no olhar, nos gritos, na energia. 

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Resgatando o Rock: Rockz


Rockz. Show no Studio Bar (Foto: blog La Cumbuca)

Essa semana a banda da vez é a Rockz. Banda carioca, fizeram seu primeiro show em 2006. Na verdade, apesar de relativamente nova, ela tem integrantes bastante experientes no cenário. Pedro Garcia, o baterista, era da antiga banda Cabeça e, depois, do Planet Hemp. Seu guitarrista e vocalista, Gabriel Muzak, era da Funk Fuckers, depois do Seletores de Frequência. O Daniel Martins, baixista, tocou com Lobão... enfim, acho que posso dizer que a Rockz é filha do próprio rock nacional. 

O som deles é bastante eclético. Suas músicas não caminham em linha reta, o que eu acho muito bom, muito rico. O ritmo das suas músicas acelera e desacelera com uma naturalidade incrível, coisas que costumávamos ver em bandas como Black Sabbath. Algumas vezes, utilizam da guitarra mais limpa, em ritmo rápido, encorpada por uma bateria forte, e combinada com uma melodia meio que “pausada”, não sei se o termo seria esse, mas aquela melodia que parece estar à margem do ritmo da música, cantada com relativa tranquilidade enquanto o som está trazendo o caos musical traduzido em um rock muito bom. Isso me lembrou o estilo dos Strokes. A música Divertida e Veloz é um exemplo disso. 

sábado, 9 de outubro de 2010

Lennon: Living for today



Há 70 anos nascia um dos maiores ídolos da história da música: John Lennon. Serei breve, infelizmente, por questão de tempo. Gostaria de poder falar mais do que farei, mas dessa vez, não será possível. Menos mal, apenas, por se tratar de uma celebridade tão absurdamente famosa e que tantas e tantas homenagens estão sendo feitas hoje, com tantas informações sobre sua trajetória, seu pensamento, sua obra. Não deixarei ninguém na mão por falta disso. 

Na verdade, nem pretendo ser mais um dentre tantos posts com função documentária, mas, sim, prestar homenagem a este que foi um dos maiores pensadores da música, se houvesse a fusão de filosofia com música. John tinha o dom para compor músicas que transportavam sentimento em suas ondas. E, veja bem, que não tinha uma voz descomunal; que não era um instrumentista fenomenal, mas que parecia ter uma intimidade inigualável com a própria música, ou, como diria Kant, com a música em si. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Comportamento, maturidade e Peter Pan

(Foto: blog Sensibilidade na Opinião)

Há alguns dias falei da situação da indiferença entre as pessoas e dei o exemplo da dinâmica do ônibus e tal. (Se não viu, leia também o post “Dos outros e nós” - http://ootboxx.blogspot.com/2010/09/dos-outros-e-nos.html) Pois bem, vamos ver isso por um prisma ainda mais introspectivo. Estou falando do nosso próprio comportamento. Estou falando de como deixamos de lado a espontaneidade em prol de um julgamento mentiroso, ilusório e castrador que, por incrível que pareça, parte da nossa cabeça.

Dizem que sou saudosista, sonhador, fantasioso e coisas do tipo que acabo ouvindo de quem não quer tirar os óculos escuros; e dizem isso porque vivo falando da beleza da infância enquanto fase de vida, da adolescência enquanto descoberta do mundo e do quanto a vida adulta detona todo o potencial psicológico revolucionário que vínhamos construindo desde o início. E fazemos isso por conta dos padrões da sociedade; para conseguir se adequar a um grupo social; para fingir que temos um determinado perfil profissional; para fingir que somos o homem (ou a mulher) perfeito; para fingir... qualquer coisa. Só que é aquela velha história: uma mentira contada 1000 vezes se torna verdade. E é aí que ocorre a famosa mudança de personalidade que, por vergonha talvez, convencionamos chamar de maturidade!

quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Os hits e o silêncio

Houve uma época em que ouvia muito mais rádio do que hoje em dia. Não por nada, mas por tempo mesmo. E lembro-me de programas tipo “Jabá” (Transamérica na década de 90. Não sei se ainda existe), “mais pedidas”, “top 10”... enfim, programas onde, em tese, aparecerão os hits do momento. E uma das coisas mais curiosas que rolavam eram aqueles hits de bandas novas, anunciando a chegada de uma grande banda que em seguida... sumia do mapa. É o chamado One Hit Wonder: as bandas de um sucesso só. 
4 Non Blondes

Quem não se lembra de 4 Non Blondes e seu grande hit What’s up? Acho que ainda é possível ouvi-lo em rádios de vez em quando. Foi lançado em 1992 e, se não me engano, Linda Perry foi até eleita a cantora do ano. Foi então que achou que sua banda viraria pop demais e, como isso não a agradava, saiu... e foi o fim da 4 Non Blondes. O engraçado é que Linda não quis ser pop, mas trabalhou para uma série deles. Deixando a carreira de vocalista, ela virou produtora de artistas como Celine Dion, Courtney Love, James Blunt, Christina Aguilera, Pink e até mesmo (creia) Britney Spears. É... arte, arte, negócios a parte. Ok. Enfim, é isso que Linda Perry, do 4 Non Blondes, faz até hoje.

 
E que tal, The Rembrandts? Se o nome é estranho, trata-se da banda que fez a música tema de Friends, I’ll be there for you. Claro que virou hit por causa do seriado, mas uma coisa ajuda a outra, no final das contas. E, apesar do sumiço dos holofotes, eles ainda estão na ativa; lançaram 7 discos além dos projetos solos que os cantores fazem sempre que possível. Confesso que não esperava que ainda existissem, mas tudo bem. De qualquer forma, foi um grande hit! Até hoje tenho na minha playlist (por nostalgia, confesso).
 

sábado, 2 de outubro de 2010

Resgatando o Rock: Maglore

Maglore (Foto: Azevedo Lobo)
Maglore é uma banda que começou em 2009 em Salvador. Sendo sincero, não lembro como conheci, se foi numa das minhas garimpadas insistentes por MySPace, Palcomp3 e afins ou se me foi indicado via Twitter por alguém. Também não creio que isso importe, pois o que importa no final das contas é termos bandas fazendo um som de qualidade no nosso cenário musical; dar uma levantada no rock nacional.

Como morei em Salvador por pouco mais de 10 anos, sempre ouço bandas de lá, ávido por apoiar o rock baiano, que muito embora o senso comum creia que lá é só terra de axé e pagode, tem ótimas bandas. Muito frequentei as casas do Rio Vermelho (bairro de Salvador conhecido ter casas de show de rock – ao menos na minha época) para fugir da onde “axé/pagode” que tenta rotular a cidade, e ficava um pouco chateado das bandas de rock ficarem presas ao cantinho underground. Ver uma banda baiana ganhar espaço e se destacar tocando rock é algo que me deixa muito satisfeito.  E a Maglore está superando todas as expectativas.