quinta-feira, 28 de abril de 2011

Os juízos e o Rock'n'Roll


(Foto: Equilibrium Escola de Música)

A velha geração, na verdade, nossos pais e avós, costumavam classificar o rock como um estilo de música “barulhento”, “rock pauleira” ou coisas do tipo. Aí veio a ciência e fez um teste com plantas e afirmou: a estufa cuja planta crescia ao som de música clássica prosperou, ao contrário da que crescia ao som do rock, que murchou. Para ferrar de vez com o roqueiro, ainda os cientistas, disseram: os bebês cuja trilha sonora foi música clássica enquanto feto, são mais inteligentes; os cuja trilha, porém, foi rock são mais... perturbados.
Billy Corgan (Foto: Audio e Rock N Roll)

Aí crescemos e, a contragosto dos queridos pais, curtimos rock. Ok, nem todos os pais são contra o rock, mas assim fica mais dramático! E lembrei-me dos tempos de escola, quando tínhamos que estudar para as famigeradas provas... ou não, mas mandava o bom senso, que sim. E se o assunto fosse algo como... química? (eu odiava química). O momento “porre” se tornava muito mais leve com um som ambiente e é aí que entro no assunto pretendido: as trilhas sonoras durante as tardes de dever.

Naquela época, lembro-me de ouvir Smashing Pumpkins enquanto estudava. Era o Mellon Collie and the Infinite Sadness, com as famosas Zero, Tonight, tonight e Bullets with butterfly wings. Eu preferia ouvir internacionais quando estudava porque o risco de parar para prestar atenção às letras e dispersar era menor. Muitas vezes isso não funcionou, mas tudo bem. Essas músicas me davam ritmo no estudo, mais ou menos como a técnica que os “atletas de academia” usam com seus iPods da vida.

Ouvia também alguns hits do momento como Mr. Jones de Counting Crows (sei que hoje em dia muitos não agüentam mais ouvir, mas naquela época não era assim tããão massacrada), Money de Pink Floyd (não sei por que, mas tinha voltado às rádios com relativa freqüência) e alguns pop’s como All I Wanna do, Oh Carol e Everybody – Sheryl Crow, Neil Sedaka (mas a versão dos anos 90 era regravação não me lembro de quem) e Dj Bobo respectivamente. Essas músicas não eram assim tão interessantes, embora hoje sejam saudosas, e era bom porque serviam só de som ambiente mesmo e tentavam me manter na linha.

(Foto: blog Apetece-me Música)
Agora, houve duas, também hits da época, que foram fatores de dispersão total: Polly, do Nirvana, e Over my shoulder, de Mike and The Mechanics. Parecem bobas? Claro. Só que para um aprendiz de violão que eu era naqueles dias, qualquer música manjada é uma benção; ainda mais com tão poucos (e fáceis) acordes! Engraçado lembrar essas coisas e ver como essas imagens retornam à mente imediatamente. Sou capaz até de relampejar na cabeça os assuntos que estava estudando. Isto é o rock formando juízo. Se me dei bem nas provas em questão eu não sei, mas que me renderam duas músicas no repertório de roda de violão e uma história para contar, isso ninguém pode dizer o contrário.

Uma boa noite a todos!





sábado, 16 de abril de 2011

Elogio ao fútil


(Foto: Getty Images)

Não é todo mundo que suporta futilidades. Eu particularmente não sou muito fã delas, mas a questão é: o que é futilidade? E lá estamos nós caindo novamente no universo do relativismo de Stein (que poderia ser um grande filósofo, não fosse tão restritamente dedicado aos números, ou melhor, seus efeitos). E o que é fútil para um, pode não ser para o outro. Tudo bem. Não vou discutir esse conceito, mas vou comentar do hábito de sua prática. 

Acho que tão irritante quanto uma pessoa fútil é uma pessoa não-fútil! Claro que, se eu tiver que escolher entre uma das duas, fico com a segunda, mas isso não tira a sua chatice. Não é necessário dar uma de intelectual de merda (com o perdão da palavra) para se mostrar inteligente! Bom humor não é sinônimo de burrice ou ignorância. Qual é o problema de você ocupar sua mente com coisas produtivas e... dar espaço para um pouco de bobagem também? Leveza. “Nem só de pão vive o homem”. Precisamos de leveza nas nossas vidas! Isso é saúde, não só ficar dias e dias e horas e horas e semanas enclausurado em academias, mais parecendo ratos de laboratório. Exagerei, mas me veio à cabeça a cena de uma pessoa na esteira de academia e um rato ao lado naquelas rodas de exercício que sempre têm nas suas gaiolas. 

Por outro lado, acho um tremendo desperdício cerebral e energético ficar o dia inteiro focado em futilidades, em superficialidades, pensando só em... sei lá... entrar em forma, pintar a unha, ficar saradão, fazer bonito pros outros, jogar bola (não estou incluindo os atletas nessa). É tão decepcionante conversar com alguém que não tem nada a dizer, não? Tanto quanto falta leveza às pessoas, falta também conteúdo! Tenho histórias que não posso revelar ainda, mas é de impressionar o quanto pessoas que deveriam ser entupidas de conteúdo são absolutamente superficiais... ao extremo! Esquisito. 

Sou adepto declarado do excesso, mas em alguns pontos eu o abandono e acho que nesse aspecto comportamental é um desses casos. Não seja fútil demais porque isso vai te deixar um babaca quando precisar entrar em contato com o conteúdo. E não seja rigoroso demais porque isso vai te deixar um babaca quando for a hora de falar bobagens e rir! E não é para os outros. É para cada um. Aproveite os momentos de sabedoria e aprendizado, mas dedique-se ao não-produtivo de vez em quando. Isso vai fazer bem! Acredite!

E tenho dito! Um bom dia a todos!




domingo, 10 de abril de 2011

Resgatando o Rock: Lunata


Banda Lunata

Banda de Salvador, Lunata foi formada em 2009. Esta eu não conheci em garimpadas habituais de internet, mas me foi recomendada via Twitter (ou Facebook, não lembro ao certo) e despertou minha curiosidade. Costumo dar ouvidos a recomendações das pessoas porque acredito no “boca a boca” como meio de divulgação de coisas boas e, no final das contas, o propósito desta coluna é divulgar bandas boas. 

Ainda bem que eu tive essa curiosidade porque o que encontrei foi um som de muito boa qualidade! Eu nem sei definir o tipo de rock da Lunata, o que, por sinal, seria injusto, tamanha a sua diversidade sonora. E este é, sem dúvida, o seu aspecto mais forte e de maior valor artístico. Ouvi o seu EP e achei muito legal a experiência de ouvir músicas tão diferentes em pouco tempo (já que conheci 4 músicas). Em destaque estão os vocais usados! Eu sempre falo disso, não tem jeito, mas é o recurso mais simples e rico que vejo na música; dá um efeito muito bom! Gostei também da guitarra, que pode soar rock, pop ou jazz com uma facilidade e naturalidade difíceis de ver. Claro que um bom guitarrista é capaz de tocar esses ritmos sem grandes problemas, mas normalmente a gente percebe quando é um roqueiro tocando jazz ou um pop tocando rock, por mais sutil que seja o detalhe que nos faz perceber; no caso de Gus Carvalho, o guitarrista, esse detalhe é quase imperceptível.

A voz de Ju Moreira combina com o estilo da banda por ser suave e permitir que a Lunata não seja rotulada em uma primeira impressão como banda deste ou daquele estilo, pois sua voz é adaptável aos ritmos mais agitados da banda, como na música Nós, ou mais lentos, como em De manhã. Tenho Rocco como minha música preferida pela sua levada, embora o instrumental de Nós seja bastante atraente (destaque para introdução e para frases do teclado). De qualquer forma, Lunata tem músicas para muitos gostos, pois, como falei, a sua diversidade é a sua maior virtude artística. Ter tamanha diversidade sem cair no mundo das “bandas de baile” ou, ainda pior, no limbo das bandas sem identidade, é algo difícil, então, a Lunata está definitivamente de parabéns pelo seu trabalho! Recomendo o som! Encerro com as músicas Nós e Rocco.


Encontre mais artistas como Lunata em Myspace Music


Encontre mais músicas de Lunata em Myspace Music


Resgatando o Rock é falar de música boa, de rock de verdade, de bandas que deveriam ser os ídolos dessa geração. Aproveito para falar a quem toca, tem banda, está na pista produzindo o melhor do rock... manda o seu link, seu material, seu perfil em sites de relacionamento, ou o que quer que seja, para mim que ajudo a divulgar aqui pelo blog, nos próximos Resgatando o Rock.

E-mail do Out of the Box: contato.ootboxx@gmail.com


terça-feira, 5 de abril de 2011

Kurt e o luto do grunge

Em 5 de Abril de 1994 o rock perdeu um de seus expoentes do momento: Kurt Cobain. Na verdade o seu corpo foi encontrado apenas dia 8 de Abril, mas os legistas estimaram que ele morreu três dias antes; suicidou-se. Kurt tinha vários problemas pessoais como depressão, vício, frustração, traumas de infância, mas não é minha ideia falar disso. Prefiro falar da sua importância para o rock.

Não é absurdo nenhum falar que Kurt era o cérebro do Nirvana, mesmo sabendo do potencial dos seus outros integrantes, mas por determinação do próprio, as músicas tocadas eram as feitas por ele. E essas mesmas músicas eram o seu espelho. Todo o pavor, a raiva, os traumas, as reinvenções da sua vida (fruto de sua imaginação voluntária)... tudo estava traduzido nas letras das suas canções. A primeira que ouvi  deles foi Rape me, já tardiamente, em 94. Eu nem sabia quem era aquele cara cantando (e não sei se a esta altura, ainda estava vivo), mas a voz e a energia que estava sendo transmitida ali foi algo que me chocou de imediato.

Kurt tinha o dom de canalizar suas emoções nas músicas de forma muito, muito amplificada. Dava quase para se transportar para dentro dos pensamentos ou sentimentos dele ao ouvir seus gritos. Para mim, essa era a genialidade dele, muito mais do que suas letras que, nem sempre, eram tão formidáveis. Acho, claro, que conhecendo a sua história as músicas fazem mais sentido, mas também creio que isso aconteça com vários outros artistas também. 


Comentei anteriormente, no post sobre o Nevermind, que as minhas favoritas deste disco são Something in the way, Lounge Act e Polly (se não leu na época, clique aqui). Posso acrescentar que gosto muito de Dumb, Rape me e Serve the servants (estas do álbum In Utero) por, assim como as outras, traduzirem a inquietação e rebeldia de Kurt. Poucos cantores conseguem ser tão expressivos para mim quanto ele. Sei que sua contribuição “oficial” para o rock é ter sido o ícone do movimento grunge, mas para mim a contribuição é mais artística do que isso, pois arte que não toca a alma das pessoas, não é completa. E Kurt Cobain sabia como fazer isso.

É estranho pensar que já faz 17 anos desde sua morte. O tempo voa realmente. Encerro esta homenagem, então, com um vídeo de uma das performances que mais gosto dele, a do MTV Unplugged.

Salve Kurt e o rock!

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Depois de 30 segundos


Jared Leto, vocalista do 30 Seconds to Mars

Show do 30 Seconds to Mars. Ok, eu falaria disso mesmo se não tivesse sido ameaçado de morte pela minha esposa. Brincadeiras à parte, eu a acompanhei ao show dessa banda na última terça-feira e disse que faria um post sobre tal desde que o mesmo não fosse totalmente um desperdício de tempo. A contragosto dela, que curte a banda, eu estava pronto para fazer uma crítica ferrenha, mas admito ter tido algumas boas surpresas e, afinal de contas, eu não conhecia a banda tanto assim para gostar ou não. Vamos aos comentários, então, que é o que interessa.

O show aconteceu no Vivo Rio; para quem não conhece, é um lugar relativamente pequeno e parece um teatro (ou auditório) adaptado para casa de show, o que eu não acho ruim, porque acaba sendo mais confortável. Claro que para quem quer um grande show, não é lá o lugar certo. A banda foi pontual, não que eu me importe com isso, mas tem gente que dá valor.
O início do show. (Foto: Malena Eguia)

Parênteses: o primeiro susto que levei (e me fez pensar “o que estou fazendo aqui”) foi entrar no ambiente e me sentir o tiozão. O público era basicamente formado de adolescentes. Tremi nas bases pensando ter caído numa armadilha emo ou movimentos similares desses protótipos de rock moderno. Não foi bem isso... ainda bem!

Eu tinha ouvido algumas músicas da banda antes do show e, admito, não faz o meu tipo de rock. E, no show, eu confirmei isso, mas teve um aspecto de se admirar: Jared Leto é mestre na arte de conduzir o público. Ele cria uma sintonia imediata com seus fãs no momento em que pisa no palco. O instrumental deles é simples, ao contrário das versões de estúdio de suas músicas, mas sua qualidade de execução é boa o que, para mim, indica que são bons músicos. A voz de Jared estava muito prejudicada por conta dele estar doente (ele assumiu isso e desculpou-se), mas para compensar, ele agitou bastante e interagiu muito com o público, beirando o exagero.

Como não conhecia as músicas, não pude avaliar se estavam de acordo com as expectativas ou não, mas gostei realmente dos instrumentais e não houve exagero nos efeitos, nem de som, nem de palco (algo que, por sinal, detesto). Gostaria apenas que fossem um pouco menos comerciais, porque é um pouco esquisito ver o Jared Leto (já próximo dos 40 anos) vestindo-se feito um adolescente, mesmo que tenha cara de um. Inclusive, acho que se o visual fosse mais rock de verdade sua banda seria mais respeitada pelo meio musical. Claro que eles optam pelo que vende mais, mas, enfim, cada um escolhe seu caminho. O que sei é que, no final, eles são uma banda com potencial, mas fantasiados de banda emo. 
(Foto: Malena Eguia)

Quanto ao show em si, durou próximo de 2 horas, talvez. Não estava lotado, não houve nenhuma confusão, nem quando Jared pulou em direção à platéia, onde foi assediado pelas fãs, mas nada além disso. Gostei da generosidade deles, principalmente, no final do show quando, após saírem e voltarem duas vezes ao palco, colocaram várias pessoas para subir ao palco e ficar de fundo de foto que ele mesmo tirou e postou na internet depois. Realmente a arte da comunicação é dominada pelo Jared Leto. Não sei se serei execrado aqui, mas ainda assim devo comentar: sei que ele canta bem, mas prefiro ele nas telas do cinema do que no palco. 

O final do show. (Putz, até Lena e eu aparecemos nesta foto lá no fundo! Deixa pra lá)

De qualquer forma, pelo simples fato de não ter me decepcionado, o show valeu a pena. A banda engana pelo seu visual de “teen rock”, mas o som é bacana, mesmo sendo o estilo new wave dos anos 2000 (que não é minha praia). Melhor assim do que se fosse o contrário: banda com cara de boa e com rockzinho emo ou coisa do tipo. Valeu conhecer o show deles. Quem curte esse estilo de música, é uma boa banda para ouvir. Vou encerrar com dois vídeos amadores de fãs que estavam no show e postaram no youtube: Ana Paula e outro, que se identifica como Sifreckles.

Foi isso.