quarta-feira, 27 de junho de 2012

Intervalo: um desabafo sobre ética e contemporaneidade



Lembro da infância, onde dentro de toda a insegurança que pude ter, tive mãos fortes que me guiaram e, não só isso, me orientaram para que pudesse caminhar sozinho rumo à maturidade. Na adolescência nem sempre quis aquelas mãos que na infância foram tão sábias, mas que nesta fase, erroneamente, julguei não compreender os caminhos que queria seguir. Na verdade, estavam mesmo é continuando a me guiar, mas na teimosia clássica e, talvez até, necessária da maturidade, a rejeitei algumas vezes. Só que, mesmo com toda a discordância que poderia ter, sabia algo primordial: noção de respeito. Respeito à experiência, respeito ao papel de quem me guiava, respeito ao meu papel dentro de toda essa história. E por tudo o que me foi ensinado até então, e que fez de mim o que sou hoje.
E tenho certeza que essa não foi só a minha história, mas muitos outros e, quem sabe, a sua que está lendo agora. O que não posso me conformar é com as notícias que estou lendo diariamente há meses! Filhos matando pais. Irmãos se matando. Alunos batendo em professores. Alunos denegrindo publicamente imagens dos familiares, professores, colegas... agindo como legítimos marginais de redes sociais! O que diabos estão pensando?? Como uma pessoa pode achar certo matar a tiros um(a) ex-(seja lá o que for)? Como uma mãe pode achar que tem o direito de jogar os filhos da janela de um prédio porque está “cansado deles”? Que porcaria de educação recebeu um estudante imbecil que acha “bonitinho” tirar fotos da bunda de uma professora e colocar no Facebook fazendo piadas, expondo a pessoa dessa forma? Mas que porra é essa que está virando este mundo??
Pois bem, pais, mães, veículos de comunicação... educadores e orientadores em geral... acho que as longas férias que têm tirado já foram longe demais. Por favor, retomem seus postos. Não é possível que esses fenômenos de internet sejam justificação plausível para a deseducação do ser humano. Acompanhem de perto seus filhos, pois esta é a forma de educá-lo, e não apenas enchê-los de coisas e coisas e coisas... se isso não fosse vazio, não seriam “coisas”. E que todos esses adultos enlouquecidos que andam fazendo besteiras por aí, procurem enxergar que a vida dos outros é tão valiosa quanto as suas próprias. E procurem ajuda, se precisar. Ou, senão, caiam fora da sociedade! Nós, pessoas de bem, humanas, respeitáveis, não queremos conviver com vocês! Eu não quero ficar lendo essas notícias todos os dias! E não sou eu que tenho que parar de ler jornais; é esse tipo de comportamento monstruoso, criminoso e nojento, que precisa cair fora do mundo!
Encerro assim este desabafo.

quinta-feira, 21 de junho de 2012

A porta de entrada



(Foto: blog O meu olhar do mundo)

Já vi alguns bons rankings sobre os melhores riffs da história do rock. Para quem não sabe, riff não chega a ser necessariamente a base de guitarra de uma música, mas podemos dizer que é o corpo dela. A sua referência rítmica mais marcante. Eu admiro um bom riff, claro; afinal, como não elogiar um riff como o de Smoke on the water, Layla, Paranoid, Sweet Child O’Mine... são tantos! De qualquer forma, há outro aspecto musical que eu considero igualmente emocionante: as introduções. Tão legal quanto ouvir uma música com um baita riff, é ouvir aquela introdução que, às vezes, interrompe uma conversa quando ouvimos e anuncia que a tal música, que tanto curtimos, está começando!



Dave Grohl (Foto: Buy Cymbals)

Existem introduções que não são necessariamente boas, complexas, mas que marcam mesmo assim. Fico curioso em saber se quem compôs imaginou que seria tão marcante. Por exemplo: Linger, de The Cranberries. É simples, é repetitiva, mas marcou época. E, como alguns rankings de riff citaram o de Smell like teen spirit, devo dizer que sua introdução é uma das que gosto, ainda no campo das simples. Eu sei que é igual ao riff, mas o detalhe de começar com a guitarra “limpa” para, só depois, incluir a distorção quando a bateria dá o sinal verde, é o que dá o toque artístico da introdução. Por sinal, este detalhe é mérito de Dave Grohl, baterista do Nirvana na época. É até comum que a introdução seja parte do riff ou seja uma frase que, lá no meio da música, volta a aparecer, mas eu acho bacana mesmo assim. Não tira a magia da coisa. Por exemplo, o início de Sweet Child O’Mine (do Guns) aparece recorrentemente durante a música, mas o efeito daquele solo na introdução não é prejudicado por isso. Layla (de Clapton) também faz uso disso. Stairway to heaven (do Led) é outro exemplo, já que a introdução é a base do início da música, mas mesmo assim, faz um belo efeito como tal.


Humberto Gessinger, vocalista do Eng. do Hawaii

Falando em rock nacional, as introduções das músicas do Raimundos costumavam ser relativamente trabalhadas. Eram boas e faziam um contrapeso legal já que os riffs eram normalmente bem simples. A mais pedida, I saw you saying, Mulher de fases, por exemplo, começavam com um solozinho ou frases legais. Uma banda cujas introduções eu gosto muito é Engenheiros do Hawaii. Eu sei, eu sei, ela é uma das bandas mais odiadas do senso comum, mas eu não tenho nada a ver com isso. Para mim, é como todas as outras (boas). Enfim, por exemplo, Refrão de um bolero, Infinita Highway tem introduções inconfundíveis. Não tão clássicas como Pra ser sincero, claro. Esta, nos shows deles, já virou coro. As pessoas ficam cantarolando enquanto ele a toca, atualmente, no piano ou teclado. Mas de todas as que posso me lembrar no momento, incluindo outras bandas, acho que uma das minhas prediletas é a de Índios (de Legião), em sua versão acústica.

É difícil classificar em importância os elementos de uma música. Para quem gosta, não há como, mas quis dedicar este post a um deles do qual não se fala muito, mas que é o começo de tudo. É a porta da casa. É igualmente parte da poesia. Brinde, então, a compositores e arranjadores que conseguem criar introduções que falam por si. Encerro com dois vídeos para poder prestigiar as músicas nacionais e internacionais também.

É isso!



sexta-feira, 1 de junho de 2012

De um problema e sua desconstrução


(Foto: blog Chutando o Balde)

De um texto originário de uma avalanche emotiva, surge uma reflexão ao melhor estilo #filosofiadebotequim. É comum a gente reclamar da vida. Parece algo bem típico do ser humano. Aliás, aquele que nunca reclama de nada, nunca tem problema, certamente tem um defeito pior: a mentira. O que às vezes não passa pela nossa cabeça é: todos estão passando por algo do tipo. Ou já passaram. Ou passarão. Não estou entrando no mérito de motivos, ta? Todo mundo acha o seu pior. O pobre diz que o rico reclama de barriga cheia; queria ele ter o dinheiro do outro que iria viver sorrindo sem problema algum. O rico, ao contrário, diz que o pobre é feliz por que pode se dar ao luxo de se divertir, ter tempo para a família, não ser julgado o tempo inteiro e tal e tal e tal.

A verdade é que os problemas nos cansam. A nossa rotina nos cansa. As nossas obrigações nos cansam. Ser bonzinho o tempo inteiro enche o saco. Ser pró-ativo o tempo inteiro é irritante. Ser forte o dia inteiro é sacal. Ser famoso todos os dias, para todos os olhos, tira do sério. Abençoado seja o inventor do pão e circo (sem méritos políticos, ok? Antes que os reacionários de plantão me bombardeiem. Isso é modo figurado de dizer)! O momento permitido pela lei da consciência de cada um para chutar o balde. Aproveitemos, claro. Por que não? Mas não vamos cair nessa ilusão que, afinal de contas, é o princípio desse invento. Vamos usá-lo ao nosso favor. Aproveite isso. Hoje, por exemplo, que é sexta-feira: chute o balde, sim. Mas saiba que isso não vai mudar sua realidade e nem resolver os seus problemas.

“Faze o que tu queres, pois há de ser tudo da lei”. Concordo. Só que vamos cuidar daquilo que nos faz bem de verdade. Fazer o que queremos de verdade. Se você não pode plenamente se livrar das obrigações, como eu também não, vamos fazer o seguinte: doses diárias e homeopáticas daquilo que nos faz bem. Isso, sim, pode mudar alguma coisa no nosso astral. E, para não dizer que isso é uma página de um livro de auto-ajuda, aproveite o pão e circo sim! Afinal, ser “cabeça” toda a hora é um saco também! Brindemos a todo o tipo de alegria! Inteligente, fútil, produtiva, recreativa... contanto que legítima.

Boa sexta a todos!