sexta-feira, 28 de setembro de 2012

Títulos, famas, rótulos e Cranberries


The Cranberries (Foto: Norma Monroe/Last.Fm)

Parece que “rankear” as coisas é uma prática comum das pessoas. Na música mesmo, é tudo com base nisso. Os 10 melhores guitarristas, as 100 melhores músicas, a melhor banda de todos os tempos... e por aí vai. Eu sempre tive uma dificuldade imensa em montar rankings na música. É muita coisa boa, diferente, particular, para conseguir atingir o ponto de justiça de um critério e dizer: “esse é o melhor”. Uau! Parece forte isso! De qualquer forma, andei pensando sobre quem seria o detentor do título de melhor banda da história. Como classificar isso?

O mais comum de ouvirmos é que os Beatles são os melhores, até hoje. Eu amo os Beatles! Gosto muito de ouvir o seu som, mas nunca entendi exatamente porque eles são os melhores! Puxa vida, os melhores de toda a história?? E os outros? Elvis, Jimi, Soundgarden, Pink Floyd, Clash, Dylan... tantos astros, tanta gente boa! Bem, para criar um título desses é preciso ter um referencial, certo? E se isso for particular, qual seria o referencial para mim? Depois de muito pensar, talvez a melhor banda do mundo seja, de fato... The Cranberries! Surpreso(a)?

Capa do álbum No need to argue (Foto: The Two Timers)

Eu nunca fui tão fã deles. Minhas bandas/cantores favoritos são Nirvana e Raul Seixas, quem me conhece sabe desde sempre. Acontece que The Cranberries tem um detalhe importante e, para mim, único até hoje: não há uma música sequer deles que eu não goste! Não sei se é só comigo, mas nunca vi nenhuma banda que não tenha nenhuma música ruim! E, para mim, ainda não ouvi nenhuma música ruim deles! Claro que é minha opinião, meu gosto, mas uma banda que não tem nenhuma música ruim até hoje, bem que merece o título de melhor banda da história!


Dolores O"Riordan (Foto: Fr2day.com)

Falando um pouco deles, é uma banda que engatinhou em 1989 e se consolidou em 1990. Gosto da química da banda, embora seja comum ouvir destaque para Dolores O’Riordan, vocalista de voz singular (consegue ser forte ou frágil ao seu bel prazer). Possui 5 álbuns gravados (eu não sei se já lançaram o 6º álbum, previsto para este ano). Sua maior obra, segundo a crítica, é No need to argue, que tem os hits Ode to my family e Zombie, mas existem mais hits espalhados pelos outros álbuns também, como Dreams, I Will Always (do disco Everybody else is doing it, so why can’t we?), Hollywood, Salvation (do To the Faithful Departed), Just my imagination (do Bury the Hatchet), Every morning e Carry on (do Wake up and smell the coffee). Bom, todas as músicas desses discos são boas e sei que muitos discordam do que escrevi, mas ainda assim convido a quem, por acaso, não conhece a banda que ouça a sua obra, pois são músicas que valem a pena! Há tempos queria dedicar um post a eles; hoje consegui!

Um brinde ao The Cranberries e sua qualidade musical!







sexta-feira, 21 de setembro de 2012

VMB 2012 e os túmulos revirados


VMB 2012, o início. (Foto: Marcos Issa/Argosfoto/MTV)


Ontem houve a tradicional premiação de música da MTV, o prêmio VMB. Eu já nem sei mais o que significa VMB, porque não pode ser o que eu achava que fosse! No ano passado eu não postei nada sobre o prêmio por indignação ao ano anterior. Em 2010, comentei que o lado bom daquela premiação (dispensarei adjetivos!) era que o modismo musical contemporâneo faria com que o cenário mudasse rapidamente e poderíamos ter outros artistas premiados dali em diante. Bem, em parte eu errei: as coisas não foram tão rápidas assim. E em parte, acertei: houve mudanças, sim... tive que me acorrentar na cadeira sob sérios riscos de me atirar da janela.

Em 2010 fui bem comedido (se quiser relembrar, clique aqui) e peço desculpas se não conseguir o ser dessa vez. Talvez seja a idade avançando, o que normalmente é acompanhado de uma inversa proporção de paciência ao absurdo! Enfim, vamos primeiramente ao lado bom da premiação: lado bom..........................................bem.............................ok, ok, achei: o cenário estava bem legal! A produção estava melhor e toda a parte visual foi bem feita! Talvez a apresentação do D2 também, mas eu confesso que nunca fui muito fã dele e tenho uma declarada aversão a rap, estilo pelo qual ele sempre se aproximou misturando primeiro com rock e, atualmente, com samba.

Gaby Amaranto, maior vencedora do VMB 2012
Falando das apresentações, quase todas foram muito ruins! Salvaram-se D2 e Agridoce, nova banda da Pitty. E por pouco. Nós estamos seguindo a tendência americana de valorizar o rap, o que lá se dá através do hip hop, e a grande parte das apresentações foi nessa linha. Ok, eu não gosto, mas lá nos EUA pelo menos tem algum talento envolvido: letra, voz, produção. Aqui os rappers são toscos, as letras ruins, a voz ruim, a atitude é uma arrogância que beira a repugnância... não é a mesma coisa. Não dá para respeitar isso (ao menos, por enquanto)! Teve uma dessas tétricas bandas que subiu ao palco e ficou alguns minutos só xingando e falando palavrões, achando que isso era ter atitude! Faça-me o favor! É lamentável! Aí, sobe ao palco uma cantora que foi anunciada como “a tal” do punk e rock: Karina Buhr. Lembra quando me acorrentei na cadeira? Acho que foi nessa hora! Sem exageros, eu nunca ouvi algo tão ruim em toda a minha vida! Uma música sem letra, uma cantora sem voz nenhuma, desafinada, forçando uma atitude muito pior do que a Kesha faz, por exemplo (imagine!).  Depois veio outra: Karol com Ká. Minha esposa sabiamente comentou: “hoje em dia é só se vestir igual louca e falar umas baboseiras para aparecer na televisão”. Isso é muito triste!

Bom, o que se esperar de um país cujo hit é Eu quero tchu? Esses caras até foram lá fazendo parceria com Bruno Sutter e sua ridícula paródia com a banda Detonation! E falando em hits ruins, vamos, então, às premiações em si: a grande vencedora foi Gaby Amaranto, com 3 prêmios. Ela é quem canta Ex my Love. Nessa onda de músicas vazias, esta é mais uma dessas. Ao menos ela veste a "roupa" de brega e se assume como tal. E até que a voz dela não é ruim, mas a ideia de colocá-la no holofote e premiá-la me assusta muito! Enfim, ganhou Melhor capa, Artista feminina e Artista do ano (o principal prêmio do evento). Prêmio Revelação foi dado à Projota, banda de rap, gênero que se fez muito marcante neste VMB. Melhor disco: Sintoniza lá, de B-negão. Nesse eu torcia para Agridoce, embora não ache bom, mas era o menos pior! Melhor banda: Vanguart, uma banda com muita cara de amadora, um tanto ruim, mas melhor do que o Restart levar esse prêmio. Melhor artista masculino: Criolo, gente boa, mas não curto nem de longe a música dele. Estavam indicados (e perdidos) Dinho Ouro Preto e Lenine; em vão, torci para algum dos dois.

Rita, Gaby, Agridoce e Emicida (Foto: Leiajá imagens)
Como prêmio Aposta, quem levou foi O Terno. Nesse momento eu estava quase catatônico já. Qualquer um que ganhasse estaria me levando à loucura um pouco mais. Melhor música: dois vencedores: Wado (Com a ponta dos dedos) e Emicida (Dedo na ferida). Seria ótimo se a Rita Lee, indicada, ganhasse com Reza, mas já não tinha mais esperança disso. Clipe do ano: Racionais MC, Mil faces de um homem leal; não sei, não assisti nenhum dos indicados, nem vou comentar. Aí houve as premiações que o público elege... deveriam ser as melhores, mas hoje em dia, eu tenho pânico disso! Enfim, Restart levou o prêmio de Hit do ano. Essa banda é muito bem relacionada na internet, então, consegue angariar votos cegos de fãs apenas por conta disso e não por qualquer outro tipo de merecimento. Novamente foram vaiados e tiveram que dar as respostas clichê, embora este ano não tão humildes quanto em 2010. Ou seja, o único respeito que tinha por eles, foi pelo ralo completamente! O outro prêmio eleito pelo público foi Artista internacional, onde ganhou One Direction frente a talentos reais como, por exemplo, Lana Del Rey e Maroon 5. Até Kate Perry seria mais plausível. Enfim, pobre Bieber que foi preterido dessa vez (ainda bem!)...

Para finalizar, queria comentar que o prêmio principal, Artista do ano, bem poderia ter recaído para Rita Lee ou Agridoce. Estamos falando de uma premiação de música, gente! Arte! Não pode essa Gaby ser o destaque disso! Ou é a falência declarada da nossa cultura? Não respondam. É melhor. Fica aqui meu compromisso de que este é o último post que faço do VMB até que nosso cenário musical seja devolvido à arte de verdade! Não tenho mais estômago e paciência para isso! E nem quero ficar escrevendo só na vibe de soltar veneno, pois não é meu estilo de crítica musical favorito! Só que com um cenário desses, não dá para evitar! Peço desculpas ao teor pesado e rude das críticas desse post e isso também justifica minha decisão de não mais comentar o VMB daqui em diante! A menos que tudo mude! Oremos!

E assim, mais uma vez, me vou!



quinta-feira, 6 de setembro de 2012

Insatisfação: da sua potência e seu pseudopessimismo



Difícil aquele que não tenha escutado frases como: “a economia é o motor da história” ou “a economia é o que move o mundo”. Teorias conhecidas e vindas de pensadores e economistas como Karl Marx e Adam Smith. Na verdade, desde que o capitalismo fincou raízes no mundo (e nas nossas mentes) tendemos a enxergar dessa forma, mas eu ainda continuo achando tudo isso uma grande ferramenta. O homem criou a economia e, juntamente, todas as suas ferramentas... como a moeda, por exemplo.

Desses inventos simples, que se tornaram muito complexos, é que surgiu a necessidade de ganhar dinheiro e os desejos de riqueza e tal. Ok. Só que, como falei, são ferramentas. São o depois que, com freqüência, enxergamos como o princípio. Confusões normais de gente, e de gente que não tem tempo para refletir também. Aliás, esse é um privilégio que as gerações manipuladoras tentam cada vez mais nos privar. É uma pena. Bom, mas não é disso que estou querendo falar, mas sim, daquilo que é de fato o princípio. O que realmente move o mundo... parênteses: mover o mundo é mover as pessoas, claro. O mundo mesmo não está nem aí para as nossas questões existenciais. Enfim, o que realmente move o mundo é o sentimento de insatisfação!

É desse sentimento que surge a vontade de querer mais, diferente, novo, melhor... e todos os desejos que alimentamos todos os dias. Quando estamos satisfeitos, não queremos mais nada. Estamos plenos. Imagine, se for possível, a satisfação absoluta, em todos os campos da sua vida... você não iria querer mais nada de novo. Estaria plenamente confortável... e conformado. Só que a insatisfação mexe com os nossos nervos, com nosso ego, com nosso orgulho... e nos faz batalhar por algo que nos prometa a satisfação. E nessa, criamos todas as engenhocas possíveis para realizar essa promessa. Então, pessoal, quando ouvirem novamente dizer que a economia move o mundo, saibam que o interlocutor está enxergando somente uma parte do todo. E foi enganado pelo seu próprio desejo que é, simplesmente, se satisfazer.

E, então, paremos de criticar tão severamente os insatisfeitos! É deles que provém, não só mudanças financeiras, mas científicas, sociais e em todos os campos que envolvem nosso cotidiano! Os satisfeitos não necessitam de novidades. Os insatisfeitos, sim, buscam sempre mais. Bom ou ruim? Depende. Apenas vale sabermos que não é um sentimento negativo por inteiro. É um grande motor! Para o bem ou para o mal. Mas aí caímos na questão das escolhas e é um outro papo, um outro dia.

É isso.