sexta-feira, 8 de março de 2013

O sexto sentido do Rock


The Runaways (Foto: blog White Trash Soul)


 
Hoje é dia internacional da mulher e, para homenagear, decidi escrever sobre a presença feminina no rock! Atualmente é muito mais comum termos estrelas femininas no gênero, mas nem sempre foi assim. Acho até que deixamos de enaltecer muitas delas por conta de um machismo na indústria fonográfica da época. De qualquer forma, este post é dedicado a elas: as mulheres do rock!
 
Memphis Minnie (Foto: Last.fm)
Lembra aquela máxima de que o rock veio do blues? Pois é. Se Arthur Crudup foi o avô do rock, Elvis foi o pai, uma pessoa chamada Memphis Minnie foi a mãe! Ou talvez a avó, já que o estilo foi de fato, o blues. A importância dela é ter sido uma das primeiras mulheres a cantar E TOCAR violão nesse estilo... e fazer sucesso, claro. Seu hit mais expressivo foi When the leeve breaks, que ficou mais conhecida na versão do Led Zeppelin. E, afinal, se Memphis era avó, então, Wanda Jackson, essa sim, foi a mãe. Menos destacada no cenário musical, foi uma cantora country que acabou migrando para o estilo rockabilly que explodiu pelas mãos de Elvis, Jerry Lee e os contemporâneos de época. Tem que ser mencionada porque, novamente, foi uma das primeiras a cantar o estilo ao invés de ficar restrita ao country ou ao estilo balada romântica ou soul, como as cantoras da época normalmente faziam (nada contra!).

Quando o Glam Rock, iconizado por Bowie tomou conta das rádios, uma outra mulher importante surgiu: Suzi Quatro. Suzi está para o rock como Arthur esteve para Elvis: fonte de inspiração. Se você não conhece Suzi, certamente ouviu falar da banda The Runaways, talvez a maior banda formada apenas por mulheres que tenha aparecido no mercado. Bom, se ainda assim isso não te diz nada, é de lá que saiu Joan Jett, que eu acho que é uma das roqueiras mais respeitadas da música. Se não está associando o nome à pessoa, ouça o hit I Love Rock ‘n’ Roll (todo mundo já ouviu essa, vai!). Joan já foi considerada uma das maiores guitarristas do mundo, o que é bem legal para qualquer um, seja homem ou mulher.
 
Nos anos 70 estourou uma banda chamada Blondie, onde a vocalista era Debbie Harry (ex-namorada de Iggy Pop), que também virou atriz e teve até coleções de roupas lançadas por inspiração no seu estilo. Nessa época a indústria já não tinha mais tanto preconceito e já apostava nas estrelas femininas, mas, para mim, é impossível falar dessa época (60/70) sem falar de um dos maiores ícones do rock até hoje: Janis Joplin. Eu comparo o tipo de impressão que ela trouxe para a música com o que fez The Doors ou Pink Floyd. O estilo extremamente original, que ninguém mais fez, que ninguém seguiu, que só ela soube fazer. Sua voz tinha tudo para ser ruim, mas era vigorosa, viva, forte! Sua imagem tinha tudo para não vender, mas ela fez sucesso mesmo assim (ainda que tenha tido uma curta carreira)! Janis será sempre Janis.

No cenário mais punk, outra artista que dificilmente fica fora das citações, vamos dizer assim, é Patti Smith. Na verdade, quando se trata de punk, até hoje ela é dona das melhores letras do estilo. Ainda viva, é considerada uma lenda viva do punk, assim como Dylan para o folk, King para o blues e por aí vai. Ela teve muitas músicas de sucesso, mas o álbum que a consagrou foi Horses, chamando atenção inclusive de músicos da época. Depois, Because the night, em parceria com Bruce Springsteen, pode ter sido um dos seus maiores hits. Para uma carreira tão longa quanto a dela, é até difícil dizer isso, mas tudo bem.
 

Eu sei que muita gente não gosta, mas eu não posso deixar de falar dela, a polêmica Courtney Love! Vocal e guitarra da banda Hole, Courtney é ex-mulher de Kurt Cobain e chama muito mais atenção pelas confusões que arruma do que com a sua música, mas eu preciso convidar as pessoas a ouvir o som dela. Para quem gosta de grunge, é quase impossível não reconhecer o talento de Love. Sua voz é estridente, tem presença, tem emoção... se não fosse a personalidade exageradamente perturbada, não tenho dúvidas que seria uma grande estrela do rock, porque talento ela tem muito! Talvez o casamento com Kurt a tenha ofuscado também... não sei. De qualquer forma, gosto muito das suas músicas e sua performance ao vivo. Das músicas de destaque, tenho minha preferida em Violet (se não gosta do lado pesado do grunge, passe longe). É uma pena que Courtney tenha queimado o filme tão grosseiramente a ponto de ter seu talento ignorado, mas, enfim, não deixa de ser uma musa do rock. Outra que chocou o mundo, embora o estilo musical não fosse exatamente rock, foi a Amy Winehouse. Se a música não era rock, o estilo pessoal o era na melhor forma! Fará muita falta ao mundo da música porque a indisciplina dela caminhava ao lado de uma voz muito bem preparada e uma expressão corporal sutil, mas significativa. Por toda exposição de mídia que houve (algumas bem exageradas, até), acho que não preciso comentar muito sobre ela, mas tinha que ser citada aqui, sem dúvida.
 
E não vamos cometer a injustiça de não citar as roqueiras do Brasil! Acho que é quase unanimidade falar que Rita Lee é a maior delas. Nem vou citar seus hits porque seria quase zombar de quem está lendo. Tenho certeza que você sabe, no mínimo, umas 5 músicas dela de cor! Gosto de ouvir as músicas mais antigas da Rita, quando considero que ela explorava mais as suas qualidades vocais, incluindo até mudar a sua voz a ponto de ser quase irreconhecível! A impressão que me dá é de um desapego à preocupação técnica que acabou se transformando em uma qualidade desse próprio aspecto! Só que não posso deixar de mencionar outra ícone do rock que eu coloco no topo também: Cássia Eller. Era uma das melhores intérpretes que tivemos e conseguia transitar bem entre o rock, o pop e ainda batia na porta da MPB de vez em quando. Essa realmente faz falta no cenário nacional! Inclusive, sem menosprezar o acústico da Rita Lee (que é muito bom!), o acústico da Cássia é um material muito, muito bom que o Brasil tem! Gosto muito de ouvi-lo! E quem sabe quando a Pitty conseguir estabelecer melhor a sua personalidade musical, esquecer um pouco o mercado no quesito “imagem”, ela possa também ser uma musa de grande destaque na história do rock nacional. Gosto das letras da Pitty, acho que ela faz boas músicas, mas me incomoda ver que ela molda sua imagem de acordo com os artistas da onda. Isso meio que me faz expressar aquela cara de “estranheza”, sabe? Mas, ainda assim, o talento dela é evidente, suas letras são boas e o Brasil precisa muito disso hoje em dia!

Não somente as roqueiras, mas fica aqui a minha homenagem e parabéns a todas as mulheres! Parabéns pelo dia de hoje e por todos os outros, afinal, 8 de Março é apenas uma janela do resto do ano!

Valeu!