quinta-feira, 19 de janeiro de 2012

Dos holofotes desregrados e a sabedoria do gato



Fantástica foi a sensação de comunicação instantânea que o progresso tecnológico trouxe, como um presente que não se pode (deve) recusar. Celular, computadores portáteis, internet, e internet em celulares que são (quase) computadores portáteis... e logo a avalanche conservadora começou a apedrejar os novos brinquedos da humanidade em prol de antigas formas de se viver experiências. E eram tão boas. Livros, pesquisas, jornais, contato. Fácil culpar objetos! Voltemos: era preciso trocar conhecimento, experiências, produtos, tecnologias; as trocas físicas viraram um empecilho e... criou-se a moeda; e o bode expiatório para todas as mesquinharias dos homens, pois, “o dinheiro estraga as pessoas”. Realmente fácil culpar objetos!

E tal qual os avanços tinham potencial explosivo de ajuda... os beneficiários (nós) não estavam assim tão a fim de ajuda. Mas, afinal, eram brinquedos novos. E o entretenimento tomou conta da euforia da novidade... e nada mais. Podíamos promover o cheio ou o vazio. O útil ou o fútil. O bom ou o ruim. E muita coisa boa foi feita. E divulgada. E ainda é. Porém, os holofotes insistem em iluminar o volúvel, o passageiro, o entretenimento vazio. E quando não há nada a se dizer (quando se trata de criação, não se é produtivo o tempo inteiro), inventam qualquer bobagem para “continuar o show”. Prefiro o silêncio à idiotice. Tão sábio se acha o homem, mas esperto mesmo é o gato, que se chega quando sua presença pode significar algo, mia quando tem que passar alguma mensagem e apenas aceita o silêncio quando não há nada que justifique a dinâmica.

Gosto de avalanches progressistas, mas depois que se instala, infelizmente, sempre colho decepção. Essa minha mania de refletir! Essa semana estou indignado com tudo aquilo que está subindo no palco do teatro humano. E tento achar um significado. E não consigo gostar. Que jeito? Perambular, variar entre o grupo dos indignados, dos indiferentes, dos que agem na sombra e, nela, aproveitar o conteúdo que não brilha. Se os holofotes são tão desregrados, talvez mais tarde iluminem o que faz sentido, o que é útil, rico. Afinal, se tudo isso é fruto de modismo... moda cansa! O vazio não dura tanto tempo. E o genial de hoje, é o absurdo de amanhã.



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