sexta-feira, 28 de janeiro de 2011

Músicos e a revanche contra Newton

(Foto: Guia-me)


Todas as carreiras, profissões e afins, têm sua clássica fobia. O médico é assombrado por perder um paciente (perder = morrer); o empresário, por crise financeira; o vendedor, por não ter mais clientes; e por aí vai. Pois bem, o músico é assombrado por cair no esquecimento. E quer saber? Todos esses medos acabam se tornando reais em algum momento. A questão é que isso não é o fim; dá para superar. E, de todo este ciclo de perder e superar, nasce o ciclo de altos e baixos. 

(Foto: Manifesto Rock)
Talvez os altos e baixos sejam uma segunda fobia dos músicos, mas eu acho que todo mundo que quer seguir a música deveria estar preparado para isso, ou ao menos, saber que isso vai acontecer cedo ou tarde. Algumas bandas não seguram a onda e preferem encerrar (o que para mim é um tremendo erro), como foi o caso do Bush. Estourou em 96 com a música Swallowed, enfrentou uma série de problemas judiciais e contratuais, caiu em 2001, com um cd que vendeu muito mal (Golden State) e... decidiu terminar. Ainda bem que voltaram atrás e retornaram. Podemos considerar um impactante alto e baixo da banda. 

Fico imaginando se os Rolling Stones tivessem terminado porque um de seus álbuns não vendeu o esperado. Claro que um “baixo” deles não é tão baixo assim, mas tudo bem. Voltando, houve o caso do REM que surgiu em 80 e teve uma longa trajetória de sucesso, sendo considerada a melhor banda de rock americano em 88, mas nos anos 2000 deu sinais de que havia acabado “o combustível”. Na verdade, precisavam só reabastecer porque em 2008 ganham notoriedade novamente com o álbum Accelerate

Trazendo para o território nacional, podemos citar os Titãs. Sucesso absoluto no final dos anos 80, eles entraram na década de 90 com um álbum pouco expressivo, Tudo ao mesmo tempo agora. Em 93 lançaram Titanomaquia, ao meu ver, outro fiasco na carreira dele, mesmo a mídia tentando dizer o contrário. Eu sei que o produtor foi o Jack Endino (de Nirvana, Soundgarden...), mas lamento; não salvou o disco. Em 95 lançaram Domingo, álbum que particularmente eu gosto, mas não conseguiram sair da maré ruim mesmo assim. Estrategicamente, tiraram “férias” (este recurso já está manjado pelos músicos, mas tudo bem; ainda é usado). E, olhem só, quando a década de 90 parecia fechar como trágica para os Titãs, eles surgem com o seu melhor trabalho até hoje: Acústico MTV, lançado em 97. E lá estavam os Titãs em alta novamente. Aliás, vamos combinar que eles vivem dessa luz até hoje!

Outra banda que bebeu dessa fonte: Capital Inicial. Foram os últimos filhos de Brasília, na época deles, mas ainda conseguiram estourar no final dos anos 80. Ok, ok, não foi um “Oh, que estouro!”, mas garantiram o espaço deles com sucessos como Fátima (música do tempo do Aborto Elétrico), Independência, Fogo. Pois bem, em 91 lançaram o álbum Eletricidade e... as coisas começaram a ir mal, muito embora a melhor canção deles, para mim, esteja neste disco (Cai a noite). Em 92, deram um tempo. Dinho até tentou carreira solo, mas... você ouviu falar disso? Eu também não. Em 98 retornam e voltam a fazer turnê. As gravadoras até lançaram duas coletâneas deles, tentando alavancar a banda, até que em 99 abrem os olhos para a porta que os Titãs tinham aberto: Acústico MTV! E foi fantástico! Eu considero este um dos melhores acústicos nacionais até hoje. E lá estava o Capital Inicial de volta aos holofotes! Pessoas que nem conheciam a banda, passaram a ouvi-la por causa desse Acústico. 

Parece que essa idéia de acústicos é mesmo uma boa carta na manga para reciclar bandas. Então, músicos, meu conselho é: guardem o acústico para os momentos de sombra na carreira. É uma fórmula que sempre funciona, até porque, é um trabalho legal realmente. Vejo bandas hoje em dia lançando acústicos logo de cara, no início da carreira... para que? Mal mostrou a natureza da banda e já está se apresentando de outra forma?Acaba fazendo o mesmo repertorio do cd que acabaram de lançar; nem dão tempo para sentir saudades dessa ou daquela música. Sei lá, gosto da idéia de usar o acústico como uma idéia de “lembra dessa?”. Talvez seja coisa de saudosista (declarado que sou). 

Altos e baixos faz parte não só da música, mas da vida. O importante é saber aproveitar os bons momentos e tirar dos maus momentos idéias para melhorar. Curtir fossa é válido, mas permanecer nela é desperdício de vida. 

Um bom dia a todos!







terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Da fagulha do silêncio à poesia


(Foto: Getty Images)

Nem sempre o silêncio é o fim. Quantas e quantas surpresas nos chegaram após um momento de “nada” nas nossas vidas? O ritmo frenético da rotina inaugurou 2011 forçando a carne à maratona do dia-a-dia outorgado e silenciando a alma por tempo demais. Dedico o texto de hoje a mais completa introspecção jamais antes apresentada aqui.

De todos os objetivos que puder ter, de todas as cenas motivadoras que sua mente alcançar, de todos os seus sonhos: mantenha-os vivos sempre! Às vezes a vida tentará empurrá-lo para outro caminho. Às vezes a rotina vai apenas despistá-lo. Outras vezes, o sistema vai travar uma poderosa queda de braço com você e tentará provar a qualquer custo que é mais forte. Por mais que pareça ser, lembre-se que a única pessoa afetada é você mesmo.

Cultive seus pensamentos, são suas ferramentas mais autênticas. Crie o seu amuleto para lembrar porque está fazendo tudo o que faz. Real, abstrato, colorido, preto e branco. Uma foto, um livro, um papel escrito, uma música, um filme, um laço sentimental qualquer. Gosto de ocupar a alma com todo tipo de inspiração. Até mesmo esta, aparentemente sem razão de existir. Pura. Sincera.

Algumas vezes fico preso na minha própria mediocridade, minhas paredes, minhas regras e esqueço que neste espaço posso fazer o que bem entender. Este foi o motivo dele existir e seu nome diz tudo isso. O bloqueio acontece quando estamos presos às regras. A verdadeira arte só pode existir livre. Triste daquele que acredita existir quando tudo o que faz é viver o silêncio coletivo, onde ninguém é pessoal com ninguém e vomitam frustrações numa competição não declarada, não fundamentada, não real.

Um brinde àqueles que têm sonhos, que querem fazer de suas vidas algo autêntico e sincero com sua alma! Um brinde a quem não se envergonha dos pensamentos, a quem não força uma ideologia superficial só para se inserir num grupo da sociedade! Um brinde a quem ri das regras e daqueles que só sabem ter segurança nelas!

Aqui nós fazemos o que der na telha! Escrevemos e comentamos sobre arte real! Inspiração! A mensagem está no ar, está dada! Que 2011 seja um ano melhor para todos nós! Depois de um período de silêncio, Out of the Box entra de cabeça em 2011! Um brinde a todos!






segunda-feira, 10 de janeiro de 2011

Elvis e o Rock: porque tudo tem um começo


(Foto: Artilharia Cultural)
 “Basicamente o Rock and Roll começou em 41 com um cantor chamado Arthur ‘Big Boy’ Crudup, que fez a cabeça de uma criança chamada Elvis Presley. E ele transformaria, pela primeira vez na história, o blues em rock and roll”, assim Raul Seixas enxergava o início do Rock. Uns concordam, outros discordam. De qualquer forma é inegável a importância de Elvis Presley para o Rock e, mais que isso, para toda a cultura musical. Nada mal estrear o ano de 2011 no Out of the Box falando deste grande artista que, no último sábado (08), faria 76 anos.

Elvis teve em suas influências musicais o gospel, o blues, ópera e clássica em geral. Aventurava-se no microfone desde criança e tocava violão desde os 10 anos de idade. Dizem que mais do que sua voz, o seu ouvido era fantástico (mais ou menos com o tipo de qualidade a que se atribui a Renato Russo). Particularmente acho sua voz incrível e, não sei se será fácil de entender, mas era diferente de um vozeirão, era algo que eu diria... teatral! E, por falar nisso, tem algo a mais de importância nele: alguns críticos o consideram o primeiro “megapopstar” da história da música, mas, independente disso, eu vejo algo ainda mais importante e que, de fato, criou a cara do rock: a performance de palco! Elvis Presley mudou a forma de se apresentar, de fazer show, de cantar.

Quem, assim como eu, acredita que o Rock é um conjunto, não só de ritmo, mas também de comportamento, expressão, energia; certamente encontrará todos os motivos para validar o título de Rei do Rock dado ao Elvis. A performance teatral, a atitude rebelde, a “saída do script”... heranças dele, ou ao menos, podemos dizer que foi quem abriu as portas.

(Foto: Linhas do Burgo)

O talento de Elvis é tão único, tão específico que, quando comecei a ouvi-lo e tornar-me fã aos poucos, me surpreendi por ele conter coisas que, até então, eu rejeitava: a paranóia com o perfeccionismo técnico e o fato do astro não cantar músicas próprias. Para quem não sabe, embora ele tenha assinado todas as suas músicas, a grande (realmente grande) parte do seu repertório era composto de parcerias com outros compositores que, de fato, eram os donos das letras. Ainda assim, sua genialidade não estava nas músicas, mas na expressão, na voz, na presença.

Entre minhas favoritas, tenho Hound Dog, Blue Suede Shoes (clássicas), Marie’s the name, Don’t cry daddy e In the ghetto. Músicas que podem tocar repetidamente sem me fazer enjoar. Recentemente ouvi a versão dele de Sweet Caroline, musica que já declarei curtir muito (se não leu o post na época, clique aqui) e, putz, é algo fora de sério; enquadrado na sua mania de coreografar improvisadamente que se outro fizesse seria ridículo, mas cabe perfeitamente no melhor jeito Elvis de se apresentar.


Não vou comentar seus filmes, pois não sou conhecedor deles, mas pelo cinema também se aventurou o astro. Serviu ao exército, ficando fora dois anos, numa das mirabolantes estratégias de marketing do seu então empresário Coronel Parker. E, quem diria, depois de todo o movimento Rock que desencadeou, Elvis não gostou do rumo que esse estilo musical tomou. A figura da rebeldia, na verdade, rejeitou o mundo “sexo, drogas e rock and roll”. Os tempos já eram outros; Presley pôde se dedicar às baladas românticas, ritmo que o acolhia melhor na sua fase pós 60, e deixar o fervor do Rock para os novos artistas que entraram pela porta que ele e sua geração abriram, mas, quanto à rebeldia e seus efeitos... era tarde; a semente já estava lançada. Já estava no ar.

Parabéns e RIP sempre, Elvis Presley! Obrigado por possibilitar que o Rock fosse o que foi e o que é! Encerro com alguns vídeos, embora a vontade fosse colocar ainda mais.

Valeu!