segunda-feira, 9 de maio de 2011

Os passos, as passadas e a música


Ramones (Foto: RHT)

Já reparou como os filmes de hoje tem diálogos mais rápidos? E como as séries são mais curtas? E como nossas agendas são mais lotadas do que as dos nossos pais, na época em que tinham a nossa idade? Não foi só a linguagem que mudou (independente de você achar uma evolução ou involução), mas o ritmo de vida também. Os gregos antigos devem estar se revirando no caixão com isso, mas tudo bem; é assunto para um outro dia. De qualquer forma, o ritmo de hoje é mais acelerado e sempre mais do que ontem e menos do que amanhã. E é engraçado perceber o quanto a música acompanha isso e reflete essa mudança direitinho.

Procure ouvir um rock que você considerava pesado há 10 ou 15 anos atrás! Você vai até bocejar, se duvidar. E quem curte música eletrônica, então, certamente sentiria tédio em uma rave regada a repertorio de Haddaway ou DJ Bobo, onde o metrônomo do bate-estaca deles era muitos compassos mais lento do que os trances de hoje em dia. Falando no campo do rock, isso é bem visível quando analisamos a trajetória do punk rock. Para quem não sabe, o punk rock surgiu nos anos 70, com uma atitude anticomercial e defendendo uma maneira mais simples de se fazer rock do que o heavy metal e progressivo que dominavam o cenário até então. Também decidiu tratar de temas mais mundanos como política, ideologia e, quando fútil, falavam abertamente e objetivamente sobre sexo, drogas e farras (embora não tenha sido do punk a origem do termo “sexo, drogas e rock’n’roll”).
The Stooges (Foto: Studio 1120)

O Ramones é dito o pai do punk, mas seus precursores já faziam um som muito parecido e por alguns (e eu me incluo neste grupo), já considerado punk rock. Estou falando de bandas como The Stooges e MC5. De qualquer forma, qualquer uma dessas bandas que você queira ouvir vai perceber as atitudes agressivas do punk, mas certamente, se você for uma pessoa que só conhece este estilo por bandas famosinhas dos anos 80/90 como Blink 182, Green Day, Pennywise, Raimundos e afins... vai questionar a natureza punk das bandas anos 70, pois a diferença de velocidade do ritmo e gritante! E garanto que as pessoas da época dos Ramones achavam a música deles super-rápida!

É, as coisas vão mudando, a gente vai se enquadrando (ou sendo enquadrados) sem nem perceber! Particularmente, como já gosto de músicas antigas, prefiro o ritmo punk dos anos 70 mesmo. A velocidade do mundo de hoje me irrita, não por medo, mas por ver o quanto a velocidade é usada como ferramenta de alienação do pensamento geral. Sem tempo para pensar, não se questiona, não se rebela e por aí vai. Mas hoje não vou brigar, não vou criticar. Só queria mesmo fazer essa observação entre a aceleração das nossas vidas e dos ritmos musicais ao mesmo tempo. A arte reflete a vida... que reflete a arte!
 
Um bom dia a todos nós!

 


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