sábado, 17 de março de 2012

Um conto de Rock


(Foto: Getty Images)

Engraçado como pesquisar um assunto muitas vezes nos leva a outro caminho. Pois estava eu com a pretensão de falar sobre o primeiro show de rock realizado. Curioso? Sim. E não é que essa curiosidade me levou a outra história diferente!

Já falei anteriormente sobre a quem é atribuído os primórdios do rock. Isso é motivo de discordância entre críticos da música. Seria Arthur Crudup? Chuck Berry? Little Richard? Elvis? Bill Haley? É difícil dizer. E o rock é tão variado que possivelmente cada um deles estava criando uma forma diferente de fazê-lo. Só que, afinal, para nós, para os fãs, para o mundo, quem criou o rock?

Bem, na verdade a pessoa que criou o termo rock, ligado a estilo de música, e o difundiu para o mundo para, então, influenciar a cabeça dos jovens lá dos anos 50, não tocava guitarra, não cantava, não usava jaqueta de couro ou qualquer coisa do tipo. Quem o fez foi Alan Freed, um DJ de uma rádio de Cleveland, Ohio. Ele tirou esse termo, rock and roll, de um blues lá de 1922 chamado My Daddy Rocks Me With a Steady Roll, de Trixie Smith. Alan trabalhava em um programa que tocava R&B e, a partir daí, percebendo que aquelas músicas primordiais do rock, como por exemplo, Rock Around The Clock de Bill Haley fazia a cabeça dos jovens, começou a divulgar o estilo e promover festas de... Rock and Roll.

Se não foi o responsável pelo rock, claro, ele não fez as músicas, foi certamente o melhor trampolim que os artistas tiveram para que o sucesso de suas músicas se espalhasse pela America rapidamente e os transformasse em lendas do Rock. Vamos dizer, então, que Alan Freed criou um lar para Bill, Chuck e companhia. Isso faz a diferença? Toda. Combinando, então, a origem do rock musicalmente, com a invenção da sua identidade e nome, temos um belo conto de Rock.

Obrigado, então, Alan. Somos todos gratos a sua divulgação!
Que venha mais Rock!
 




segunda-feira, 12 de março de 2012

O canto do rock


Nada que pareça tão grandioso nasceu daquela forma. Na verdade, quanto maior a dimensão, maior o sucesso, maior o orgulho, maior a influência... mas menor a essência, menor a proximidade, menor a intimidade e o princípio pode se perder. Então, voltamos ao canto, aquele lugar onde nos sentimos mais à vontade, mais simples, onde as energias se renovam, onde não há ninguém a quem agradar além da própria poesia. E tão importante quanto crescer e alcançar novos horizontes, é valorizar onde tudo começou.
Volto anos atrás e, naquela época, tão poucos ambientes de rock havia na cidade. Tão poucas pessoas os freqüentavam. Tão sedentos por um espaço. Éramos, afinal, todos adolescentes. E lá estava a casa de show que surgiria com a cara do rock local. Era pequena. Sua luz, penumbra. Suas paredes, claro, decoradas. Tudo era root. Tudo cheirava a rock. A banda, não em um palco acima da platéia, mas ali, no mesmo nível. O espaço entre os integrantes da banda, sim, era pouco. Mas não era isso que importava, porque o som que saía das caixas das guitarras, do microfone, junto com a bateria... sim, aquilo era o suficiente para sentir a força do rock primordial, simples. Era um movimento. E até a clássica cena de ter que pedir licença ao guitarrista para poder passar adiante e chegar ao banheiro era parte do ritual. Afinal, aquilo tudo era o cantinho do rock. Aquilo também era Rock’n’roll.
Orgulho dos que começaram lá. E os que começaram lá, tenho certeza, jamais esquecerão aquele lugar que alegrou tantas noites. Valorizemos o canto íntimo onde as coisas podem ser como realmente são! E um brinde a uma saudosa casa de show que sabia traduzir a essência do movimento rock, um brinde ao Café Calypso!




sexta-feira, 2 de março de 2012

Rock nacional: o cume irreverente e suas lembranças



Cartoon dos Mamonas Assassinas em seu cd. (Foto: A Saber)


Era o ano de 1995. Naquela época eu não estava tão antenado em rock e nem tinha conhecimento de história de bandas e todas essas coisas sobre as quais gosto de falar hoje em dia. Lembro apenas de que bandas como Skank, Paralamas e Legião Urbana dominavam o cenário musical do rock nacional, juntamente com os novatos Raimundos, Planet Hemp e Charlie Brown Jr. Foi nesse cenário que surgiu uma banda com um instrumental, muitas vezes, tão pesado quanto os últimos citados; outras vezes tão regionais que nem pareciam rock e, na maioria das vezes, misturando tudo. Só que não foi isso que chamou a atenção, mas sim, o figurino do grupo, sempre com fantasias a La Carnaval de Rua Carioca, e as letras das músicas: genuinamente irreverentes. Começava uma febre de sucesso chamada: Mamonas Assassinas.
Capa do disco. (Foto: L&PM blog)

O início do sucesso daqueles rapazes foi tão repentino quanto o fim dele, pela tragédia que todos sabem. Naquele ano eu ainda morava em Salvador e lembro nitidamente que as rádios tocavam as músicas deles incessantemente. E a garotada ficava cantando em rodas de amigos. E achava incrível porque eram várias músicas que tocavam nas rádios e não uma só de cada vez, como costumava ser naquele tempo. Foi realmente um sucesso que se espalhou de forma muito rápida. O show que eles fizeram na cidade foi um dos mais lotados que teve, pelo menos, nos anos próximos.

Para quem não sabe, os Mamonas Assassinas nem sempre foram estilo rock cômico. O início deles foi com o nome de Utopia e faziam cover de bandas nacionais. A idéia de fazer rock cômico surgiu quando em um dos shows pelo interior de São Paulo (eram banda de Guarulhos) Dinho decidiu tocar paródias de músicas e, estranhamente, foi bem aceito pelo público, muito devido a performance do cantor, que conseguia ser carismático de “escrachado” ao mesmo tempo. A mudança de nome e o sucesso de mídia aconteceram quando “caíram nas graças” de Rick Bonadio, um dos produtores mais comercialmente visionários do Brasil, falando de pop-rock.

Mamonas Assassinas tocando. (Foto: Edu Moraes)
Não sei como estariam hoje se estivessem vivos, mas enquanto estiveram, a mensagem que eles passaram a todos foi de alegria. E um fator engraçado: chamou a atenção de todas as idades. As crianças gostavam, os adolescentes, os adultos... todos acabavam rindo do divertido repertório dos Mamonas. É um tempo que até dá saudades. Souberam fazer rock cômico de verdade, como já não se vê mais. Por sinal, não falei lá no início do texto, mas hoje é a data do fim dos Mamonas Assassinas, há 16 anos. Encerro com dois vídeos de hits deles: Pelados em Santos, a primeira que ouvi, e Mundo Animal, que na época era uma das minhas preferidas. 

Valeu, Mamonas!