Houve tempo em que a natureza era a natureza e o homem era o homem, embora componente da própria natureza. E de alguns anos para cá, alguns ganharam status diferentes; sofreram uma “naturalização” que não dá para entender. E, de repente, o fulano virou fenômeno. O beltrano virou vendaval. O ciclano virou furacão. Deveria chamar atenção, não fossem eles pessoas normais, levando suas vidas normais, sendo, no máximo, celebridade. Nada contra celebridades, mas os adjetivos parecem nunca ser suficientes. E aí, para valorizar mais, faz-se a naturalização do ser.
O problema disso tudo, não é nem o termo usado. Fenômeno, furacão, tornado... não importa. O problema é o foco da situação. Pode chamar do que quiser, mas não deixe de dar atenção ao que esses “elementos da natureza” estão fazendo e representando. Como é que estamos falando de um problema político, moral e sério e, de repente, o foco das notícias vira... o furacão da CPI? Que apareceu em tal vídeo, que a mulher é assim e assado... claro que a existência do vídeo é relevante, mas nem assim a coisa é levada a sério e mais está se falando da exuberância da fulana do que da CPI em si.
Podem chamar as pessoas do que quiserem. Isso foi uma simbologia que usei apenas para chamar atenção do quanto as irrelevâncias estão usadas para tapar nossos sentidos. E, sem perceber, fazemos um culto ao vazio e à ilusão em tempo integral. E aqueles que se aproveitam da ingenuidade coletiva, enfim, sorriem satisfeitos com o espetáculo, em suas poltronas confortáveis, completamente impunes. E, assim, a dinastia do não saber, da não atitude, do desinteresse, permanece na mentalidade do povo. O homem vai ficando, então, “naturalmente” cego.
Pensar, refletir, concluir.
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