Lu Barataz, vocalista do Bloco Cru |
Tardiamente, hoje vou falar sobre o Carnaval. Queria ter escrito este post logo após o mesmo, mas não deu. Tudo bem, tudo bem, eu sou uma pessoa enrolada, mas isso não altera a ideia, que é o que importa aqui no Out of the Box, no final das contas. Enfim... muitos roqueiros normalmente não gostam de Carnaval. Acham uma festa babaca com música ruim. Devo admitir que discordo dessa visão. Eu costumo gostar de quase todos os movimentos populares e o Carnaval é genuinamente um deles. Eu sei que hoje a indústria tomou conta em muitos lugares e tal, mas a origem é popular. E sem as pessoas, afinal, não existe Carnaval. Eu acho que pessoas combinam estando juntas, em mutirões (fora os idiotas que sempre arrumam confusão). Quando estão com a mesma energia, a sensação é indescritível. Quem já presenciou isso, sabe do que estou falando. Não precisa ser Carnaval ou grandes festas. Em shows (de qualquer tamanho) isso rola com freqüência.
Bem, especificamente no Carnaval, eu acho a ideia da festa legal. A música não era normalmente do meu gosto, confesso, mas a diversão das pessoas e o grupo no qual eu estava nessas situações compensavam. E sabem o que sempre percebi? Quando o Rock entra no circuito musical, mesmo quem não é roqueiro, se anima com o som! No Rio de Janeiro, onde moro há alguns anos, pude assistir shows dos blocos de rua que tocavam rock. Um deles, inclusive, era só de músicas de Raul Seixas; o nome era Bloco Toca Rauuul. Há outro que foca em músicas dos Beatles, cujo nome é Sargento Pimenta (alusão ao nome do disco, Sgt. Peppers). O interessante, nesses casos, é que fazem adaptação dos rocks para o estilo “marchinha de Carnaval”, que é o estilo tradicional do Carnaval de rua carioca. Há um terceiro bloco, o Bloco Cru, que usa bastante as guitarras distorcidas, mas sempre faz presente a percussão das marchinhas, criando um estilo bastante interessante de se tocar. Lógico que, por deixar presente os elementos clássicos do rock, eu gostei mais desse bloco, mas todos os outros que citei são bons também.
Bloco Toca Rauuul |
E lembro em tempos mais saudosos, quando morava ainda em Salvador, de estar curtindo o Carnaval de rua lá, onde o domínio absoluto do estilo musical era o Axé Music, e sempre em determinado ponto do circuito algumas bandas, a exemplo de Asa de Águia e Jammil, paravam o trio elétrico e tocavam algum clássico de rock. E era engraçado ver as pessoas renovarem as energias a este som. Pessoas que diziam que não gostavam de rock, pulando animadas, cantando as músicas. Roqueiros que estavam lá para curtir, conformados de serem peixes fora d’água naquela festa, agitarem por, de certa forma, se sentirem incluídos naquele movimento. Esse ponto determinado que falei era conhecido por ser o point da galera mais alternativa (mas nem tanto). Naquela época (finais dos anos 90, início dos 2000) era assim. E começaram em seguida a ter trios elétricos com bandas de rock e pop também. Era o rock “invadindo a praia” do Carnaval de vez. Lembro de ter visto um bloco cuja banda era O Rappa. No mesmo ano, se não me engano, a banda underground Canal Zero puxou outro trio, tocando grandes clássicos do rock o circuito inteiro. E nada disso descaracterizou o Carnaval de lá. Ao contrário, o enriqueceu e deu aquela gostosa ilusão de Carnaval democrático. Sim, ilusão. Sabemos que sempre foi. As pessoas às vezes gostam do pão e circo. Como já falei antes, o pão e circo não é problema se você tiver a consciência dele.
Então, galera do rock, se o motivo da repudia ao Carnaval for pela música, saibam que o rock sempre tem o seu espaço. Ou o conquista na marra. Essa é a essência do rock e isso é o que o faz ser o estilo de música mais psicocultural que existe. Se for tendencioso o que falei, pode ser, mas é real para muita gente.
Encerro o post com um vídeo do Bloco Cru, que citei acima. Valeu!
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