Há 68 anos nascia um gênio da música brasileira. Ou teria sido há 10000 anos? A vida de Raulzito já foi muito falada e não é minha intenção fazer um texto biográfico, mas sim, uma homenagem. Hoje é a data de nascimento do saudoso Raul Seixas. E sabe que fico curioso em pensar o que estaria ele fazendo se estivesse vivo e bem? Não seria impossível, já que temos Caetano, Gil, Erasmo, Bob Dylan e tantos outros ainda mais velhos. E aí penso, em tempos de passeatas, Feliciano... o que Raulzito estaria falando disso tudo?
A metralhadora giratória de Raul costumava rodar no círculo da MPB, contra Caetano, Gil, até Tim Maia de vez em quando... e contra a música que dominava a sua terra natal, o axé. Hoje em dia, o rock nacional tomou rumos bem diferentes. Imagina o que ele falaria dessas bandas teen, como Restart, Cine e afins! Talvez até antes disso, Planet Hemp, Raimundos, Os Ostras, já teriam o incomodado, já que à época do lançamento do álbum Metrô Linha 743, o barulho desregrado já estava tirando ele do sério. É, talvez, cada um tenha sua hora certa e, talvez, a hora certa seja realmente certa.
A nós, fãs, resta a saudade, mas como arte é eterna, é sempre tempo de ouvir o bom e velho Raulzito! Sei que muita gente não gosta, outros gostam até demais, outros não conhecem direito, mas uma coisa há de se admitir: há tempos não se faz mais letras de rock de qualidade similar! Com todo respeito a Cazuza e Renato, pois fazem parte desse grupo também. Isso é um dos elementos que mais lamento e sinto falta no rock atual!
Enfim, Raul Seixas sempre será lembrado enquanto houver música! Parabéns, Maluco Beleza!
“Ó morte, tu que és tão forte, que matas o gato, o rato, e o homem, vista-se com a tua mais bela roupa quando vieres me buscar! E que meu corpo seja cremado. E que minhas cinzas alimentem a erva. E que a erva alimente outro homem como eu.” (Canto pra minha morte, Raulzito)
É engraçado como o esporte movimenta as pessoas. De todos os “pães e circos” que o homem inventou, esse talvez seja o mais bem sucedido. É difícil alguém não se identificar com algum esporte, mesmo que não o pratique, mas acaba pelo menos sendo platéia, torcedor, ou como queira chamar. Particularmente, gosto de assistir lutas e, por uma questão inconsciente-cultural-brasileira, assisto a jogos de futebol da seleção. Na verdade, de seleções. Gosto de futebol de seleções. Clubes, não. E não há motivo óbvio pra isso.
De qualquer forma, esportes movimentam muita gente e, nesses dias de Copa de Confederações, andei pensando em como a música acaba sendo inspirada por esporte e, muitas vezes, serve de inspiração para esportistas e torcedores também. Em 1998, a música É uma partida de futebol do Skank virou hit de Copa do Mundo no Brasil, embora essa música seja de 1996. A música tratava exatamente da paixão por futebol. Tem movimentos no Facebook hoje que ainda estão pedindo essa música como sendo a oficial da Copa de 2014, para se ter uma ideia do sucesso que foi e é até os dias atuais. Em 1972, Jorge Ben lançou a clássica Fio Maravilha, inspirado por uma partida de futebol do Flamengo em que ele assistiu no Maracanã. Eu não gosto dessa música, mas o seu sucesso é inegável.
Samuel Rosa, vocalista do Skank
Lembram da banda Dr. Sin? Para quem não conhece, é uma banda de hard rock aqui do Brasil que despontou em 1993. Nunca mais ouvi falar, mas creio que ainda estejam na ativa. Pois bem, essa banda também fez uma música onde trata de futebol, Futebol, mulher e rock ‘n’ roll. Essa música é mais extrovertida e usa muitos trocadilhos pra criar uma letra de duplo sentido misturando futebol e sexo. A música é engraçada. Recentemente, Falcão, vocalista do O Rappa, gravou Vem pra rua para uma campanha da Fiat. Por acaso, ela se tornou hino do movimento popular que tomou conta do país, o que veio muito bem a calhar, diga-se de passagem, mas a verdade é que a ideia era ser uma música sobre a seleção brasileira de futebol! Tem gente que nasceu virado pra lua. Dupla sorte da Fiat, mas tudo bem.
Mr. Eddie Vedder em show solo
E se você pensa que isso é exclusividade do Brasil, engana-se completamente. New Order gravou uma música chamada World in motion inspirada (na verdade, inspirando) na seleção da Inglaterra. A música segue na linha pop que, a meu ver, é a especialidade da banda. Boa música, se curtir aquele estilo de pop anos 80. E, aliás, nem só de futebol vive o esporte! Há tempos atrás, escrevi um post sobre a música Sweet Caroline (se não leu na época, clique aqui) e comentei que ela se tornou hino não-oficial do time Red Sox (beisebol) e não há um jogo sequer que ela não seja tocada no campo deles. Eddie Vedder também fez uma música para um time de beisebol, a pedido do treinador do time, o Chicago Cubs. A música é All the way e tem uma letra voltada pra motivação do time. Apesar de ser uma música encomendada, Eddie lida bem com isso e consegue criar belas músicas nessas situações. Dessa vez, não foi diferente. Quem não conhece, vale a pena ouvir!
Apesar de não ser, creio eu, fã assíduo de nenhum esporte, gosto da ideia da música estar envolvida com isso. Sou contra a alienação pelo esporte e o uso do mesmo como instrumento de manipulação popular, coisa que nossos governantes adoram fazer, mas conseguindo abstrair isso, a mistura do esporte com a arte me agrada! Nem sempre as músicas que surgem são legais, mas surge muita coisa boa também! E quanto mais se ouvir música (boa), pra mim, melhor!
Como estou quase certo que É uma partida de futebol está até hoje na cabeça da maioria das pessoas, vou encerrar, da parte de música nacional, com a música do Dr. Sin, Futebol, mulher e rock ‘n’ roll para quem não conhece poder ouvir. E com All the way de Eddie Vedder, como música internacional.
Ao saudável (mentalmente também) esporte, à saudável arte!
Parece que estamos vivendo um momento histórico no Brasil. Realmente, parece. As pessoas estão nas ruas de novo! Protestando! Gritando! Fazendo-se ouvir! Quando foi que isso aconteceu pela última vez? Bem, não sei, mas pela primeira vez, talvez, as redes sociais tomaram um corpo que deveria ser o fundamental desde o início: integração de pessoas! Os rebeldes de internet deixaram as plataformas virtuais e partiram para as ruas de fato. Deu até a impressão de ter sido um movimento realmente organizado, onde a internet foi ferramenta (o que sempre deveria ter sido, a propósito). Outra vantagem disso é ter conseguido atingir o mundo inteiro!
Na verdade, quantas manifestações terão sido abafadas na história porque foram rapidamente sufocadas, em um tempo onde a comunicação era precária e lenta? Agora, essas coisas são mais difíceis! Que bom! Em meio a isso, o governo, sabiamente, descobriu que não pode tomar qualquer tipo de atitude, pois agora estamos sob holofote da mídia mundial. E prefeitos, governadores e até a presidente estão dando declarações meio que apoiando o movimento. Ah, a cara de pau típica dos nossos políticos honrados! O movimento é contra vocês, sabiam? Ou ao menos contra a máquina que vocês administram! Que nós pagamos vocês pra administrar!
Em meio a isso tudo, o mundo viu que o povo está protestando contra o sistema inteiro! Mas aqui, na terra tupiniquim, ainda insistem em dizer que o protesto é contra o aumento de passagens, sem entender que isso foi apenas a gota d'água para um copo já cheio demais para segurar um transbordo! O meu medo é: em um movimento contra algo tão amplo, não há uma solução objetiva para o governo atender a essa reivindicação. Ou o povo vai perder a razão em algum momento, ou vai perder a força, ou vai virar notícia do ontem. Perder a razão quando o governo disser: ok, eu vou atendê-los, mas vocês não me dizem o que querem! Perder a força quando as pessoas enjoarem de ir as ruas por descrédito no seu próprio poder (uma pena!). Virar notícia do ontem, quando a mídia julgar que não podem mais extrair sensacionalismo nenhum disso tudo.
Pensem comigo, se o protesto é contra toda a lama em que estamos inseridos, qual é a solução do governo? A mais nobre, a meu ver, seria cair fora. E aí, sim, teríamos uma verdadeira revolução popular! Sei que é utópico, mas seria o melhor desfecho. Como isso não vai acontecer, espero que o governo aprenda a lição real disso tudo. Que o povo não está mais afim de vestir fantasia de palhaço. E espero, também, que o povo não ache isso tudo um movimento sem sentido. E aprenda, também, que vale a pena se juntar e protestar. Vale a pena brigar pelos seus direitos. Aprenda que o povo tem, sim, a força. É o motor do país. Tem voz. E espero que tenha memória, também.
Não quero que movimentos como este sejam manjados e percam moral e força, pois, nunca é mais do mesmo protestar pelo que é certo! Somos notícia no mundo inteiro! Estamos na vitrine do mundo e nao é pelo carnaval, nem pelas mulatas, nem pela música. É por política! Em raras vezes, é por política, e não pelos políticos, mas pelo povo! O mundo está conhecendo o povo brasileiro! Isso não pode ser ignorado. E tem o dever de não ser esquecido jamais!
E agora, governantes, o que vai ser? O mundo espera uma resposta à altura.