sexta-feira, 29 de julho de 2011

Do mundo panorâmico e seu espelho


(Foto: Blog do Marcelo Satiro)

Já falei das mentiras, já falei da atitude dos outros, já falei da sinceridade... tudo do ponto de vista individual, mas, afinal, o que está acontecendo no comportamento da contemporaneidade do ponto de vista geral (lembre-se: geral não é total)?

O que vejo hoje é um cada um por si disfarçado em um complexo mundo ilusório onde todos têm que se dar bem com todos. Mas que porra é essa?? Uma utopia total! Ninguém é obrigado a gostar de ninguém. Quando romperam com isso? Houve um tempo em que se separavam as obrigações do individual. Hoje em dia, com o grande advento chamado  internet, as coisas estão meio bagunçadas. A exposição é tamanha que perdeu o controle. Um diz “A”, outro interpreta “B” e, rapidamente, o vocabulário todo está envolvido numa trama virtual (e mentirosa) e o que era uma frase, vira um livro de especulações mentirosas... e o pior: as pessoas acreditam e vendem as informações como verdade. 

Lembram-se da história do travesseiro de pena? Pois é; hoje as penas se espalham na velocidade da luz. O que me impressiona não é a velocidade da informação, mas a contraposição da velocidade intelectual do mundo. Quanto mais as informações se processam rapidamente, menos rápido está a capacidade de julgamento do ser humano e simplesmente o que se publica torna-se verdade absoluta. Não cobro dos meios de comunicação, afinal, sempre foram meros intermediários, oportunistas de informações que transformam palavras em circos e, estes, em dinheiro. Ok. Fomos doutrinados a perseguir o dinheiro como talismã (sem nem sabermos para que – você sabe?). Deixem que o façam. Mas hoje a preocupação com o real é menor. E o real é obrigado a tornar-se espelho da especulação. 

Eu gostaria de voltar a ver a crítica em alta. Eu gostaria de voltar a ver a informação ser julgada. Os fatos serem pensados. As pessoas irem às ruas para contestar, não o que dizem para todos fazer, mas uma ideia nascida do coletivo, julgada, refletida, pensada. Jamais vou me acostumar a ser o que os outros querem que sejam. E, afinal, alguém sabe me dizer de onde isso partiu? Aí dizem: o mundo é assim. Ok. Deixa eu dar uma informação óbvia (já que não temos mais tempo para pensar, não é?): o mundo é uma matéria, um objeto... ele não forma juízos por si só. De onde veio isso?? De nós.

Se não sabe explicar o porquê, tudo bem. Eu não sei também. Mas não deixemos que a rotina outorgada nos transforme em seres não-pensantes. Se você faz obrigações (quem não faz?), não deixe de dar limite ao final delas e, na outra parte, fora do espelho, pense, reflita, julgue: afinal, onde, dentro de tudo o que faz, está o verdadeiro você? Não deixe que as regras (de onde mesmo?) definam isso. Somos todos donos de si. E, no final, a culpa cai sobre nós. Exatamente "como o mundo manda". Fácil, não? Assuma suas ideias e saiba distinguir o individual do coletivo, afinal, quando as luzes se apagarem, quando as visitas se forem, quando os seus olhos se fixarem no reflexo do espelho, só haverá uma imagem: você. E aí? Vai encarar?

Um bom dia a todos.



quarta-feira, 13 de julho de 2011

O dia em que preto não é luto




Hoje, todo mundo sabe, é o dia internacional do Rock’n’Roll. Na verdade eu ia escrever sobre a história do rock e tal, mas de repente me veio a cabeça que isso seria muito trivial, então, proponho um momento mais pessoal sobre este dia: vamos falar do início do rock... para as pessoas.

Arthur Crudup (Foto: Blues Search Engine)

Talvez os amantes da MPB, do samba, do forró ou qualquer outro estilo musical sintam a veia pulsar quando escutam essas músicas, mas é difícil imaginar outro estilo que movimente tanto, não só gosto musical, mas comportamento também! Sorte de quem viu o início de tudo! Arthur Crudup, Little Richard, Chuck Berry... quem não gostaria de ter visto o surgimento desses ícones? Elvis Presley e o princípio da transformação dos rockers em astros? Claro, quanto ao Elvis é mais fácil ter acesso a materiais do que os mais antigos, mas mesmo assim.

Muitos da geração dos 60 (nascidos nos anos 50, por exemplo) devem ter conhecido o Rock com The Beatles. Felizardos, já que a banda viria a ser considerada a maior de todos os tempos. Alguns críticos os consideram como a primeira Boy’s Band da história! Meio forçado, mas tudo bem. O fato é que a sua influência já atravessa meio século (e acho que ainda vai perdurar por mais alguns anos).

Led Zeppelin (Foto: blog 15 Álbuns)

A geração dos 70 pode ter dito que o rock entrou na sua vida com Led Zeppelin, talvez, Pink Floyd, Aerosmith. Outros poderiam ainda ter influências de Jimmi Hendrix ou Yardbirds, que estouraram em meados dos 60. Eu admito ter inveja dessa época, porque talvez tenha sido o grande apogeu criativo do Rock, onde o maior número de bandas entupidas de espírito rock nasceu! Rock, poesia, atitude e ideologia se misturavam nesse tempo... todas cozidas na mesma panela. Nessa época, ainda, quem estava no Brasil pôde ver o sucesso dos Mutantes e Raul Seixas, artistas que tinham clara influência do rock norte-americano e formaram as bases do rock nacional, que influenciou tudo aquilo que veio até nós (para quem é dos anos 80/90) algum tempo depois.

E veio, com os anos 80, o movimento metaleiro, quando estourou bandas como Iron Maiden, Metallica, Sepultura. Ficou mais fácil identificar quem curtia rock, porque os jovens dessa época estavam mais estereotipados, com roupas pretas, cabelos (bem) longos, braceletes e afins. Era nítido, para quem não tinha entendido ainda, que não se tratava só de um estilo de música, mas toda uma cultura.

Metallica (Foto: Retardzone)
Anos 90, e para mim, a época em que o rock bateu à minha porta. E também, a década do grunge! Lembro como ontem quando, em meio a um disco de coletâneas diversas (misturando pop, dance e rock) estava uma música chamada Rape me de uma banda com um vocalista de voz rascante, chamada Nirvana. E o tempo parou. E eu pensei: “mas como eu nunca ouvi isso antes?”. Sim, eu sou amante de rock antigo (50, 60, 70), mas tudo começou ali, naquele momento. Creio que era 1994. O ponto de partida foi esse. Daí, parti para conhecer todo o vasto universo do rock e acabei por me identificar mais com os clássicos, mas até hoje sou fã declarado do Nirvana e acabei por gostar muito de grunge também. Tá bom, tá bom, eu só não gosto do rock atual, admito.

A todos os rockers, a todos os amantes de rock, a todos os que conseguem ouvir o rock com a alma e contar sua história através dele, da trilha sonora de cada momento das nossas vidas... a todos nós, comemoremos o dia do Rock! Ao menos um bom pretexto para curtir um bom e velho Rock’n’Roll e se divertir um pouco! Encerrando com 3 vídeos para manter o clima!

Valeu!







terça-feira, 12 de julho de 2011

Do Rock, Pop e suas (in)verdades


The Beatles (Foto: blog Diário dos Beatles)
Existe uma verdade, dentre tantas, que diz respeito a todo ser humano gostar de histórias. Provavelmente isso não é absoluto, mas eu particularmente gosto. E na verdade o mundo da música é repleto de histórias! Agora... são verdades ou mitos? Selecionei algumas para este post.

Uma das bandas que tem mais histórias são os Beatles. Paul McCartney teria morrido e sido substituído, George Harrison foi abduzido, eles fumaram maconha no Palácio Buckingham (residência da família real inglesa)... como diriam os americanos: bullshit! Tudo mentira. No último caso, eles até chegaram ao Palácio “doidões”, mas não fumaram lá dentro. São doidos, mas não burros.

E o que dizer das histórias de Kurt Cobain, contadas por ele mesmo, sobre sua vida? Disse ele ter morado na ponte durante a adolescência quando foi expulso de casa. Bom, expulso de casa ele até foi mesmo, mas... não, não morou debaixo da ponte. Ele até ia para a ponte, mas apenas para consumir drogas com seus amigos. Outra história mitológica envolve o cantor Eddie Vedder, do Pearl Jam, e diz que Kurt e ele eram feitos cão e gato. Na verdade, eles nunca foram inimigos como a mídia pintou. Essa história começou de uma suposta briga entre os produtores por causa da venda dos discos. Nevermind e Ten foram lançados em 1991 e os produtores acharam que um atrapalhou a venda do outro. Se houve briga ou não, não sei, mas o fato mesmo é que houve um acordo entre as bandas para não lançarem mais discos na mesma época. Briga de produtores. Kurt e Eddie? Não eram amigos, mas também não eram o oposto disso. Com quem Kurt tinha problemas mesmo era Axl Rose, mas, afinal, quem não tinha?

Elvis (Foto: blog Royal Trilogy)
Elvis não morreu? Sim, morreu. Essa é velha. Porém, diziam que ele pintava o cabelo. Isso é... verdade! Elvis era loiro e pintava o cabelo de preto, mas não por motivo de doença que a mídia divulgou tempos depois de sua morte; foi tão somente uma jogada de marketing porque seu empresário, sabiamente, achou que seus olhos chamariam mais atenção se os cabelos fossem escuros. Ah, e não, Elvis não engordou por motivo de abstinência, afinal, ele não se drogava, exceto por remédios contra ansiedade que o viciaram no meio-final da vida. O que aconteceu foi o mesmo que todos: envelheceu e, como o metabolismo tende a desacelerar com a idade, quem envelhece comendo mal, inevitavelmente, vai engordar.

Raul Seixas fez um pacto com o diabo. Hã... não, não fez. Ele até participou de alguns rituais exotéricos com Paulo Coelho que adora contar historinhas e dizer que houve um ritual em que mexeram com forças poderosas, e ele escapou e Raul não, e tal e tal... tudo balela! Não teve nada disso. E outra coisa (de uma vez por todas): Sociedade Alternativa foi uma música e... ponto! Ela não existiu de fato. Até foi idealizada, mas não saiu do papel.

Raulzito (Foto: Memorial Raul Seixas)
Agora, vamos ao bode expiatório número um do rock: CIA. Jimmi Hendrix, Jim Morrison, Bob Marley... todos tiveram mitos dizendo que a CIA os assassinou. Quem inventou isso, certamente, não entende nada de política e não sabe a finalidade da CIA. Vamos admitir que morreram por própria culpa e deixar de querer engrandecê-los? Eles já foram grandes o suficiente; não precisam disso.

Vou encerrar com a mais absurda de todas: nos anos 80 alguns lunáticos (só pode!) inventaram de dizer que Michael Jackson e Janet Jackson eram a mesma pessoa e, por isso, lançavam discos em anos alternados. Pelo amor de Deus! Nem vou comentar. O motivo da alternância de períodos de lançamento era tão somente para Michael não ofuscar tanto a Janet. Somente isso. Essa foi demais!

Por hoje, encerro! Valeu!

sábado, 9 de julho de 2011

Quando os poetas partiram


Em uma rápida homenagem, vou relembrar duas pessoas que marcaram a digital no mundo da música de forma singular. Estou me referindo a Jim Morrison, que faleceu em 03/07/1971, e Cazuza, que deixou nosso mundo em 07/07/1990.

Jim Morrison, vocalista e líder da banda The Doors, foi dono de um rock genuíno. Não concordo com o título que sua banda ganhou certa vez, de banda mais monótona do rock. Ao contrário, acho que o estilo que fizeram foi único, original. Com tendências de blues, pop e progressivo, Jim conseguiu expressar seus tumultuados sentimentos e ser considerado dono de uma das mais fortes vozes do rock.

O que algumas pessoas talvez não saibam é que, mais do que músico, Morrison era poeta, e não como falamos normalmente por enaltecimento, mas formalmente falando. No final da vida, dedicou-se muito mais aos poemas do que músicas, alegando ter tido um bloqueio criativo para músicas. Jim Morrison morreu na França, onde residia já há alguns anos antes. Gosto muito da forma de cantar dele. Sua performance era sua melhor característica, mais do que a voz, e sua aparente indiferença ao público meio que o mitificava dando um clima de ritual aos seus shows. Salve, Jim!




Cazuza teve uma história bem diferente. Talvez não tenha passado por uma história de família instável. Talvez não tenha criado um som original. O que é certo é que foi um dos melhores letristas do rock nacional. Com influências na MPB, Cazuza explorou a subjetividade misturada com romantismo em suas letras. E por vezes (muitas) a rebeldia foi sua marca registrada. Em comum com Jim Morrison, o gosto pelos poemas. Não foi a voz que o destacou. Não foi a performance também, mas as frases, as entrelinhas, a atitude. Às vezes, romântico. Às vezes, rebelde. Às vezes, maduro. Às vezes, moleque. Em todas as vezes, Cazuza.

Long live Rock’n’Roll!