quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

O imperceptível fim do mundo



No ano passado, num post, soltei o verbo sobre as notícias incabíveis que estampam os jornais de hoje (se não leu na época, clique aqui). E fico triste e revoltado por ver que isso não mudou em nada. Essas notícias estão até mais freqüente. Mortes banais. Assassinatos banais. Em família. Por motivos ridículos que, outrora, não gerariam nem uma briga “porrada” de irmãos. E hoje, as pessoas se matam. Por uma conta de restaurante, a pessoa que se sente lesada acha que a pena para quem o aborreceu é perder a vida. É nunca mais abraçar o filho. Nunca mais ficar com a esposa. Nunca mais ver um pôr do sol. Nunca mais sorrir. E, paralelo a isso, todos que estão em volta dele, continuarão a pagar a pena com o sofrimento e a saudade porque o dono do restaurante fez uma reclamação com um cliente descontrolado, marginal, podre. Isso não pode ser verdade.

Uma menina poderia namorar. Ter conflitos emocionais. Ter inseguranças. E, enfim, como um rito de passagem, teria sua primeira vez. Ou, sem namorar, curtindo um momento feliz. Mas é uma genial ideia fazer de uma fase da sua vida, uma fonte de renda. E ela decide leiloar sua virgindade para que uma pessoa qualquer, apenas com muito dinheiro, seja o dono desse momento. Seja antigamente ou hoje em dia, o nome disso é prostituição. Nada contra. Cada um faz o que quer da sua vida. Mas me assusta essa menina ser uma das celebridades mais comentadas, com mais espaço na mídia do que muitos outros talentos que mereciam... talentos de verdade. Notícias de verdade.

Ninguém deveria estar pagando milhões para tirar a virgindade de alguém. Relações não deveriam ser vendidas. São necessidades fisiológicas, emocionais, sociais. Não precisam ser um negócio. Ninguém deveria estar pagando milhões para alguém fazer a barba ou cortar os cabelos. Isso é higiene pessoal. Não precisam ser um negócio. Quem precisa de investimento de milhões é quem está passando fome, quem está sem remédio, quem está sem escola. Essas são notícias que valem milhões. Em vez de fazer um programa de leilão de virgens, faça um programa de arrecadação de fundos para quem precisa de verdade.

Se todos os aspectos da vida estão banalizados ao extremo, isso talvez signifique alguma coisa. Se a vida não vale mais nada (não foi por 7 reais que alguém morreu outro dia?), se vale tudo para ganhar dinheiro (e da maneira mais fácil possível), se qualquer conteúdo (ou falta dele) é digno de fama, se os sentimentos viraram démodé, babaquice ou fraqueza... então, talvez os profetas estivessem certos e o mundo tenha realmente acabado em 2012. E o homem, tão preso nos holofotes e futilidades que criou, foi incapaz de perceber a catástrofe que aconteceu bem diante do seu nariz.


 

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