sexta-feira, 17 de dezembro de 2010

Do Natal e a bondade de vitrine


(Foto: Getty Images)
Estamos próximos do Natal, próximos do fim de ano. Nessa época é comum as pessoas fazerem o chamado “exame de consciência”. Não que isso o seja de fato, mas ao menos buscam listar uma série de coisas que querem mudar na vida para o ano que chegará. Até aí, tudo bem; no país do “deixa para amanhã”, ter um pretexto para adiar ao ano que vem tudo aquilo que você viu durante o ano que precisa mudar, é providencial! Este não é o problema. O problema começa quando a mídia decide que é hora de lucrar com o apelo ao exame de consciência coletivo e aí começam as bondades obrigatórias. 

Didaticamente, o espírito natalino toma conta das pessoas quando a primeira propaganda da Coca-Cola é exibida. Ou de algum shopping. Ou coisa do tipo. É tanta propaganda impondo que sejamos bondosos no fim do ano que eu me pergunto: uma vez por ano basta? Parece aquela anistia à moda “santa inquisição”: se confessar, está perdoado. Então, em dezembro, decidimos que precisamos ser bonzinhos uns com os outros, pacientes, tolerantes e a mídia massifica isso tanto que contrariar essa onda soa a constrangimento.

Eu não tenho nada contra a compaixão, a solidariedade... muito pelo contrário. Acho ate legal que pelo menos uma vez ao ano as pessoas parem para pensar nessas coisas, no próximo e tal. Só é meio ridículo que isso seja completamente ignorado por muitos no decorrer do ano. Proponho a inversão: façamos do ano inteiro um Natal e tiremos um dia para a escrotidão inescrupulosa! Seria engraçado. E os benefícios seriam maiores. Vamos, sim, ajudar a quem precisa! Vamos, sim, respeitar o próximo! Vamos, sim, nos importar com o sentimento alheio e desejar a felicidade dos que nos cercam... mas constantemente, espontaneamente, verdadeiramente. Não preciso que a televisão diga o que eu tenho que sentir. 

Bondades com hora marcada soam a hipocrisia e isso me irrita! Agora tem algo que me irrita tanto quanto: quem foi que intitulou Ivan Lins e Simone como trilha sonora oficial de dezembro??? Putz! Até prefiro as propagandas de doutrina natalina a ouvir rádios populares nessa época do ano! E se for uma propaganda com trilha sonora de Ivan Lins? Nãããããããoooo!!

Um bom Natal a todos e que o espírito natalino nos ensine coisas boas! O verdadeiro espírito natalino! Compreensão, sinceridade, respeito.

E, para encerrar, música de Natal: Joe Perry tocando Run Rudolph Run de Chuck Berry






2 comentários:

  1. Olá lindo, simplismente amei!
    Concordo plenamente...já estamos saturados de tantas hipocrisias nessas datas.Abração!

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  2. Verdade, e concordo. As pessoas já estão tão condicionadas a esses rituais, que nem percebem que são influenciadas pela midia capitalista. Estava aqui pensando na idéia de somente um dia de escrotidão inescrupulosa. Já pensou fazer o bem no mês de julho, que não tem feriado algum? rs
    Muito bacana este post. O duro é que ainda somos poucos a pensar assim, e normalmente, precisamos ficar na discrição para evitar constrangimentos como você citou.
    Parabéns!

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