sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Comportamento, maturidade e Peter Pan

(Foto: blog Sensibilidade na Opinião)

Há alguns dias falei da situação da indiferença entre as pessoas e dei o exemplo da dinâmica do ônibus e tal. (Se não viu, leia também o post “Dos outros e nós” - http://ootboxx.blogspot.com/2010/09/dos-outros-e-nos.html) Pois bem, vamos ver isso por um prisma ainda mais introspectivo. Estou falando do nosso próprio comportamento. Estou falando de como deixamos de lado a espontaneidade em prol de um julgamento mentiroso, ilusório e castrador que, por incrível que pareça, parte da nossa cabeça.

Dizem que sou saudosista, sonhador, fantasioso e coisas do tipo que acabo ouvindo de quem não quer tirar os óculos escuros; e dizem isso porque vivo falando da beleza da infância enquanto fase de vida, da adolescência enquanto descoberta do mundo e do quanto a vida adulta detona todo o potencial psicológico revolucionário que vínhamos construindo desde o início. E fazemos isso por conta dos padrões da sociedade; para conseguir se adequar a um grupo social; para fingir que temos um determinado perfil profissional; para fingir que somos o homem (ou a mulher) perfeito; para fingir... qualquer coisa. Só que é aquela velha história: uma mentira contada 1000 vezes se torna verdade. E é aí que ocorre a famosa mudança de personalidade que, por vergonha talvez, convencionamos chamar de maturidade!



O comportamento de um adulto passa a ser visto, ou melhor, vigiado o tempo inteiro. Quanto mais tempo passa, maiores suas regras, maior sua cobrança e mais somos impelidos a aderir exatamente aos moldes. E aí vamos nos anulando, nos reprimindo, só que é tão devagar que não notamos e achamos normal; achamos que é amadurecimento. Putz... amadurecer é solidificar idéias; é desenvolver crítica sobre as coisas à nossa volta; é entender a si e aos outros; é decifrar sentimentos... não é se comportar como todo mundo quer. Que erro de interpretação fazemos todos os dias, não?

Outro dia pensei nisso quando estava em casa (veja bem, na minha casa!) em momento de lazer, tocando um velho rock’n’roll no violão e bateu aquela vontade de cantar como se deve (com a alma), o que, no caso da música que tocava, em dado momento, significava gritar! E eu faria isso sem o menos problema há uns 10 anos atrás, mas por um segundo, internamente, eu me censurei. Isso me deixou muito, muito irritado, mas ao mesmo tempo, deu a lucidez de enxergar tudo isso que estou falando aqui agora e de ver em quantos outros momentos eu faço isso comigo mesmo e, certamente, você também faz... e todos fazem.

Façamos um acordo, então: vamos entender a verdadeira maturidade e deixar as regrinhas comportamentais de lado, ok? Não nos levarão a lugar algum. Vamos rir quando quisermos rir, gritar quando quisermos gritar, chorar quando quisermos chorar e, até mesmo, fingir quando quisermos fingir, mas só quando quisermos. Se a infância é fase mais pura, onde todos somos transparentes e sinceros, despertemos, então, nosso melhor sentimento de Peter Pan.

Que sirva, ao menos, de reflexão. Um bom dia a todos! 




Um comentário:

  1. Oi Leo!! Poxa!! Muito bom seu texto!! Tb concordo contigo e passei por essa mesma reflexao...Mas graças à Deus, ja estou mais consciente dos meus atos nesse mundo manipulador e envolvente, e nao abaixo minha cabeça pra essa sociedade hipócrita! Acredito que o importante é ser sempre vc mesmo, independente da situaçao. Buscar o conhecimento proprio e ajudar ao proximo a saber superar suas dificuldades é a maior prova de amadurecimento e crescimento espiritual.

    bjoo

    Carol Iglesias

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