sexta-feira, 24 de junho de 2011

Do rock nacional e os 2000


Los Hermanos (Foto: Silvio Tanaka)

Mais um post da série “rock nacional”, dessa vez falando do rock nacional dos anos 2000. Anteriormente, já falei dos anos 70 e 90 (se não leu na época, clique ao lado: 70 e 90) e sobre a trajetória do rock, as bandas que foram sucesso naquele tempo e, putz, as saudades que essa época traz consigo! Hoje, então, vou dar seguimento a esse, digamos, mapa do rock nacional e espero poder continuar lembrando de coisas boas (será?)! Vamos lá!

Os anos 2000 são o pai das bandas CPM22, Detonautas e Pitty. Todos eles já tocavam nos anos 90, mas tiveram seu primeiro disco de estúdio gravado nos anos 2000 e ganharam notoriedade neles. Cronologicamente, para o mainstream, CPM22 veio primeiro com o estilo hardcore e seu disco A Alguns Quilômetros de Lugar Nenhum, lançado em 2000. E daí, abriu portas para o Detonautas, que veio a seguir e Pitty. Particularmente, não curto o som e acho que a tentativa deles de fazerem um HC melódico só contribuiu para a banalização das letras de música do rock nacional. Foi o princípio do desastre lírico da nossa cultura musical. O estilo que eles tocaram e que se pode notar influência no Detonautas (em grau menor) e Pitty (ainda menos), veio da onda de rock pesado que Raimundos e Planet Hemp possibilitaram quando fizeram sucesso nos anos 90 tocando dessa forma.
Tico Santa Cruz, vocalista da Detonautas (Foto: 180graus)

Os Detonautas tocavam uma linha um pouco mais pop, mas tentando vestir a roupa do alternativo. Tentaram fazer letras críticas, mas a forma clichê como escreviam suas letras acabou soando forçado demais para o público crítico, exceto os adolescentes, claro, que conseguiram se identificar pela postura rebelde de Tico Santa Cruz. De qualquer forma, dou ponto a essa banda porque, embora sejam comerciais e usem fórmulas para suas músicas, para chegar ao sucesso eles foram muito persistentes e, arrisco dizer, que conseguiram o seu espaço matando no cansaço os produtores de rádio e TV. Foram guerreiros e isso é legal.

Pitty veio de um cenário alternativo de Salvador e conseguiu sucesso abrindo mão do seu estilo underground e fazendo um som mais limpo e meloso para o público jovem. Se você por acaso acha que o som dela hoje é pesado, não tem idéia do que era a Inkoma (sua antiga banda). É a que menos sofreu influência do estilo HC do CPM22 e a que mais se aproxima do pop. Tenho admiração por ela conseguir manter um bom nível de letras de música, mesmo quando são comerciais, mas ao menos não está na corrente banalizadora do rock nacional. Seu reconhecimento às origens e projetos de apoio a bandas independentes também é bacana! Em Pitty é possível ver algo que parece ter sumido nas bandas de hoje, que é autenticidade no som. Para mim, o erro da mídia é querer fazer dela a Rita Lee moderna. Pelo amor de Deus, estamos falando de coisas completamente diferentes (e acho que ela própria concordaria)!

A partir daí, surgiu um fenômeno que fez com que as bandas independentes virassem, definitivamente, a bola da vez: sucesso pela internet. As redes sociais estouram e, com elas, o hábito de promover bandas, não mais por MTV e rádios, mas sim por Youtube, MySpace e afins. Nessa onda, surgiram Malu Magalhães, NX Zero, Fresno... só que com isso estabeleceu-se também que o reinado do mainstream agora, pertencia aos jovens cada vez mais jovens. E com um público alvo cada vez mais jovem, as músicas foram perdendo a riqueza lírica e aconteceu a avalanche de “músicas bobas” que toma conta do cenário musical até hoje. Basta falar amor, saudade e beijo numa música para ela virar hit. E pode jogar essas palavras de qualquer jeito que vai colar.

Pitty (Foto: Blog do Marcello Barbosa)
Enfim, esse pós-HC melódico teve também um movimento paralelo e oposto que a mídia nomeou de Happy Rock. Bandas que aproveitaram a onda de sucesso por internet, mas tentaram reinventar o rock cantando letras alegres (e ainda mais bobas), vestindo roupas coloridas e abusando do merchandising. Nessa linha, Restart e Cine ganharam espaço e, nos últimos anos, vêm dominando o cenário do rock nacional. Meu... Deus! Sem comentários.

Bom, mas o que aconteceu com as bandas que tinham estourado lá nos anos 90? Se aposentaram? Não. Jamais. Roqueiros não se aposentam. Muitas tiveram que se reinventar para continuar tendo demandas de show e ficar na ativa. Enfim, Paralamas pesou mais no som. Skank arriscou um estilo pop-inglês e incrementou seus efeitos (isso ficou bom!). Ah, e os anos 2000 (início) foram a era Los Hermanos. Fizeram sucesso com Ana Julia em 99, mas em 2001 lançaram o álbum Bloco do Eu Sozinho onde deixaram claro que, agora que os holofotes estavam sobre eles, iriam tocar o estilo que queriam de fato. Muita gente não gostou. Outros viraram fã de vez. A música Sentimental foi eleita a melhor do ano. Confesso que, embora eu não goste muito da banda, essa música é realmente boa! Inclusive, vou encerrar o post com o vídeo dela para ver se dissipo o mau humor que os últimos parágrafos me geraram! Tudo bem, eu sabia dos riscos disso acontecer quando decidi postar sobre o rock dos anos 2000.

Desculpa se ofendi alguém, não foi minha intenção, afinal, lembrem-se, isso é apenas a minha opinião! Se algo de bom que posso falar dos anos 2000, e é inegável, é a possibilidade das bandas independentes mostrarem a cara Brasil afora! Isso foi excelente! E agora, que venham boas bandas para fazer bom uso dessa janela que está aberta!

Divirtam-se!

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