(Foto: blog Mensagens e Poesias) |
Escrevo ou não escrevo? Mandei uma frase, daquelas “faiscadas”, pelo Twitter ontem e ficou meio atravessado na garganta. Pensei se deveria ou não divagar sobre o tema e cheguei à conclusão de que, sim, valia a pena discorrer um pouco. Na verdade, a situação é simples, ou ao menos, deveria ser: por que diabos deixamos o conceito de amizade para trás e passamos a focar no chamado network quando passamos à vida adulta? Eu nem sei se estamos esperando chegar a essa fase hoje em dia ou se isso já está precoce como tantas outras coisas.
Lembro da infância, da adolescência e tenho uma certa impressão, cada vez mais forte, de que nessa época foi quando conheci as melhores pessoas da minha vida. Aquelas que carregarei para sempre. Aquelas com quem poderei contar em todos os momentos. Aquelas com quem ri. Com quem chorei. Com quem dividi vitórias... e derrotas. Aquelas com quem me preocupei em querer ver vencendo, sorrindo... em coisas grandiosas, como ganhar uma bolsa de estudos no exterior ou, até mesmo, em detalhes como conseguir um beijo daquela tão cobiçada pessoa por quem ele (ou ela) achava que era o maior sonho da sua vida. Isso tudo valia a pena, não porque iria ganhar algo em troca, não porque me beneficiaria de nada (material), mas por um sentimento que era autosuficiente: amizade.
De repente, como uma corrida feroz, como uma questão de vida e morte, como qualquer explicação totalmente fútil... decidimos que o importante do relacionamento com os outros não é amizade coisa nenhuma: é ter um bom network. Psicólogos, especialistas, analistas de não-sei-o-quê defendem que para se dar bem as pessoas precisam ter um bom network. E, então, toda aquela magia de antigamente (que houve em cada um de nós) cai por terra e todas as pessoas à nossa volta vestem fantasias de trampolim, de cifrão, de espelho, de carreira, de sucesso, de... TUDO... menos do que realmente são: pessoas.
Lamento profundamente todos os dias de estar convivendo com isso. De ser testemunha de grupos de pessoas onde cada um está se relacionando com os demais por algum interesse estratégico, calculando cada passo, cada palavra, cada abraço, cada sorriso, cada palavra gentil... sugando até o dia em que poderá virar as costas e partir para o próximo alvo. Não sou contra a política da boa vizinhança. Sou contra transformarmos nosso chão em um tabuleiro, nossos sentimentos em artifícios, nossas oportunidades de sucesso em oportunismos dissimulados.
Cultivem suas amizades. Elas serão o que restarão quando todos nós descobrirmos que nossas ambições são uma grande mentira. Quando descobrirmos que tudo aquilo que achamos nos satisfazer é apenas o petisco de uma mesa de bar.
Pensar, sentir, enxergar, viver.
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