sábado, 15 de outubro de 2011

Rock in Rio: 7º dia – e assim acaba



Dia 02 de Outubro. O último dia do Rock in Rio 2011. No palco Sunset, a crítica geral deu destaque ao show do Marcelo Camelo; não sem razão, porque estava mais bem entrosado com a banda The Growlers do que as outras apresentações. Porém, o barato do dia neste palco para mim, pudesse eu ter acompanhado pessoalmente o Sunset, seria Mutantes e Tom Zé. Eu até assisti via internet (e à posteriori) esse show, que lamentavelmente, não foi dos melhores, posto que eles não estavam minimamente entrosados, chegando a se apresentar separados. De qualquer forma, Mutantes é sempre Mutantes, sempre nostálgico, sempre bom de se ouvir. Falo o mesmo para Tom Zé, pela originalidade do seu som. Na verdade, a idéia de juntar duas bandas/artistas por show (que foi o sistema programado para o Sunset todos os dias) foi legal, mas muitas vezes deu a impressão de que os artistas não estavam lá muito contentes com isso. Bom, o encerramento por lá foi com o Camelo e The Growlers, que o fizeram muito bem.

O palco Mundo começou o show com os Detonautas. Não é segredo que eu não sou fã deles, embora tenham até uma ou outra música boa. Não gosto da atitude do Tico Santa Cruz, acho uma rebeldia imatura demais (até para um roqueiro, do qual se costuma tolerar mais do que o normal), beirando o artificialismo, mas... sejamos justos: exagerado ou não, inconveniente ou não, os Detonautas souberam agitar o povo. Usaram uma estratégia, que, diga-se de passagem, eu não tenho nada contra, a de tocar sucessos de outros músicos para manter o clima agitado da galera, e, com isso, conseguiram manter um bom nível de show, um bom feedback do público. Uma pena que Tico não tenha levado a sério o tempo limite da banda no palco e teve que ter o som interrompido no meio do cover do Nirvana. Pitty veio em seguida e, acho que em apoio ao Tico, cantou Nirvana também. O show da Pitty não foi tão agitado, mas a diferença de empolgação não foi gritante. Ela conseguiu, ao longo da carreira, emplacar alguns hits que marcaram os jovens e adolescentes, e isso foi o que sustentou o seu show. Músicas como Anacrônico, Equalize, Pulso e Me adora fizeram o povo cantar em coro e isso meio que manteve o Status Quo que o Detonautas lançou no ar, embora eu tenha ouvido muita gente falar que a Pitty esfriou a galera. Bem, não foi exatamente isso que eu vi lá. Vi o ritmo diminuir em muitos momentos, sim, mas não foi uma esfriada em si, afinal, era o último dia de Rock in Rio.

Evanescense foi a próxima banda, e o início das atrações internacionais. Mil pessoas criticaram o show deles, afirmando ser burocrático ou parado demais para o que se esperava. Bom, eu não me importo em ir de encontro com o senso comum, e devo afirmar que, ao menos, ela demonstrou mais calor (embora não seja bem isso propriamente dito) do que Lenny Kravitz, por exemplo. Além disso, assistir ela cantar ao vivo é sempre válido, é sempre de se admirar, porque a voz da Amy Lee é quase sobrenatural! Eles tocaram seus hits e talvez não tenha sido um show muito rico pela falta de conteúdo mesmo. Eu admito que esperava que a atitude da Amy fosse mais solta, mais contagiante, mas a real não foi de decepcionar exatamente, ainda que tenha faltado um pouco de esforço em se entrosar com o público, o que ela fez pouco em comparação com outros como Stevie Wonder, Coldplay e Slipknot. Pode ser nota 7?
O grande motivo das críticas pode ter sido o que veio a seguir. System of a Down fez um show memorável! Foi muito acima dos que haviam tocado até então naquela noite. O espaço na Cidade do Rock estava muito cheio! As pessoas estavam muito agitadas! Foi o primeiro show deles no Brasil e não deixaram nada a desejar. Gostei da simplicidade da banda. Sem estereótipos e figurinos elaborados, Serj Tankian subiu ao palco trajando calça jeans e camisa social. Claro. Ele não precisava de roupas personalizadas. E mostrou isso quando abriu a boca a cantar até a última música. A variação de tons e timbres que ele usa para cantar é algo que eu não conseguia parar de ficar pasmo toda vez que ele “brincava” com isso. Chop Suey, Aerials, Kill Rock'n'Roll e Toxicity formaram, em minha opinião, o clímax do show (embora tenham sido tocadas em momentos espaçados), mas posso dizer, sem medo de errar, que o show foi muito linear: muito bom o tempo todo!

Ao final do System, já havia pessoas do lado de fora da Cidade do Rock querendo entrar a qualquer custo. E a chuva dava as caras para marcar sua presença no evento também. E o Guns entraria a seguir... assim que Axl resolvesse aparecer, claro. Tentei até o fim esperar o Guns subir ao palco. Tomei chuva, fui espremido na multidão (a essa altura, eu já estava fora de expediente há um tempo e já tinha me juntado com o restante dos fãs que lotavam a platéia do palco Mundo), mas Axl demorou demais para uma pessoa que tinha transporte marcado para ir embora, que infelizmente, era o meu caso. Na verdade, até que para o costume dele, nem atrasou tanto assim. De qualquer forma, foi possível ouvir as pessoas irritadas com a demora. Ninguém estava curtindo muito a idéia de estar debaixo de chuva esperando o Guns resolver começar a tocar. Bem, chegando em casa, consegui assistir o show do Guns via TV e pude perceber um Axl meio deslocado, pouco entrosado e até desafinando em alguns momentos. Estranhei, mas o Guns tem bala na agulha demais para fazer um show ruim. Eles montaram o maior repertório da noite e tocaram até às 05h00.

Não gostei da performance de Heaven’s Door e Patience, mas Welcome to the Jungle, por exemplo, foi legal. Ouvi depois algumas pessoas falarem que foi uma decepção, que foi horrível e tal... bem, quem esperava um Axl de bermuda colante, correndo de um lado para o outro e gritando, realmente pode ter se decepcionado, mas há que se convencer de que isso acontecia há mais de 15 anos. Não dá para querer que ela tenha o mesmo desempenho, a mesma energia, embora isso seja visto em bandas como Rolling Stones, por exemplo, não é via de regra! Então, guardadas as devidas proporções, acho que o show não foi ruim, mas poderia ter sido melhor, não pelo aspecto que citei, mas é porque realmente Axl demonstrou estar mal ensaiado. Isso, sim, poderia estar melhor. Sorte a dele, que a banda tem um nome muito forte e carregado em história, que não deixaria isso marcar um show ruim. Ponto para o repertório extenso, que mostrou boa vontade em tocar! Na balança: bom show.
Momento legal do dia: indiscutivelmente, o show do System. Aspecto bom: manteve o nível dos últimos dois dias e não teve um show ruim, o que, para um dia de encerramento de evento, é algo muito bom! Assim acabou o Rock in Rio. Como todo grande evento, houve momentos bons e ruins, mas de qualquer forma, é válido, é produtivo, é música.Vou encerrar com vídeos do Guns e System (o título do vídeo do System está errado: trata-se da música Kill Rock'n'Roll) . Ainda falta mais um post para encerrar essa série, onde farei um ranking geral dos melhores shows que aconteceram no palco Mundo. Poderia até arriscar um para o Sunset, mas como quase não acompanhei, é melhor focar no que assisti mais.
Até lá, então! Valeu!  






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